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Lagrimas…

“A não ser que vocês tenham tido uma sorte rara, raríssima, na vida, certamente terão passado por experiências que o fizeram chorar. Ou seja, a não ser que tenham tido essa sorte raríssima, vocês sabem que uma boa e longa sessão de choro é capaz de melhorar nosso ânimo, mesmo que as circunstâncias se mantenham as mesmas”

A Series of Unfortunate Events – Lemony Snicket

vem Primavera…

“A consciência de uma planta no meio do inverno não está voltada para o verão que passou, mas para a primavera que irá chegar. A planta não pensa nos dias que já foram, mas nos que virão. Se as plantas estão certas de que a primavera virá, por que nós – os humanos – não acreditamos que um dia seremos capazes de atingir tudo o que queríamos?”

Khalil Gibran

Geada…

Se o inverno chegou, a primavera não estará distante.

Percy Bysshe Shelley – (1792-1822), poeta inglês

Amor…

“Não me lembro mais qual foi nosso começo.
Sei que não começamos pelo começo.
Já era amor antes de ser.”

Clarice Lispector

Somebody to love…

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Can anybody find me somebody to love?
Each morning I get up I die a little
Can barely stand on my feet
Take a look in the mirror and cry
Lord what you’re doing to me
I have spent all my years in believing you
But I just can’t get no relief Lord
Somebody  ooh somebody
Can anybody find me somebody to love?

I work hard (he works hard) everyday of my life
I work till I ache my bones
At the end (at the end of the day)
I take home my hard earned pay all on my own

I get down on my knees
And I start to pray
Till the tears run down from my eyes
Lord somebody ooh somebody
Can anybody find me somebody to love?
(He wants help)

Every day – I try and I try and I try
But everybody wants to put me down
They say I’m goin’ crazy
They say I got a lot of water in my brain
Got no common sense
I got nobody left to believe
Yeah – yeah yeah yeah
Ooh

Somebody
Can anybody find me somebody to love?
(Anybody find me someone to love)
Got no feel I got no rhythm
I just keep losing my beat
I’m OK I’m alright
Ain’t gonna face no defeat
I just gotta get out of this prison cell
Some day I’m gonna be free Lord

Find me somebody to love find me somebody to love
Find me somebody to love find me somebody to love
Find me somebody to love find me somebody to love
Find me somebody to love find me somebody to love
Find me somebody to love find me somebody to love
Somebody somebody somebody somebody somebody

Find me somebody find me somebody to love
Can anybody find me somebody to love
Find me somebody to love
Find me somebody to love
Find me somebody to love
Find me find me find me
Find me somebody to love

Somebody to love
Find me somebody to love

Freddie Mercury

Lolita…

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Lolita, luz de minha vida, labareda em minha carne. Minha alma, minha lama. Lo-li-ta: a ponta da língua descendo em três saltos pelo céu da boca para tropeçar de leve, no terceiro, contra os dentes. Lo. Li. Ta. Pela manhã ela era Lô, não mais que Lô, com seu metro e quarenta e sete de altura e calçando uma única meia soquete. Era Lola ao vestir os jeans desbotados. Era Dolly na escola. Era Dolores sobre a linha pontilhada. Mas em meus braços sempre foi Lolita.

Vladimir Nabokov em Lolita

Picasso…

“Minha mãe me dizia: Se queres ser um soldado, serás general. Se queres ser um monge, acabarás sendo Papa. Em vez disso  eu preferi ser um pintor e acabei sendo Picasso.”

Partir…

Woman Standing Beside Luggage on Remote Road

Ah, se já perdemos a noção da hora
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir

Se, ao te conhecer, dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir

Se nós, nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir

Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu

Como, se na desordem do armário embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu

Como, se nos amamos feito dois pagãos
Teus seios inda estão nas minhas mãos
Me explica com que cara eu vou sair

Não, acho que estás se fazendo de tonta
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir

Chico Buarque de Hollanda

Mudança…


“Quando acordei hoje de manhã, eu sabia quem eu era, mas acho que já mudei muitas vezes desde então.”

Alice no País das maravilhas – Lewis Carroll

Imaginação…

“A imaginação foi a companheira de toda a minha existência, viva, rápida, inquieta, alguma vez tímida e amiga de empacar, as mais delas, capaz de engolir campanhas e campanhas, correndo…”

 

 – Machado de Assis em Dom Casmurro

Image by © Heide Benser

Eu sou um cérebro, Watson. O resto é mero apêndice.

Arthur Conan Doyle em Sherlock Holmes

Encontro…

“De tudo, ficaram três coisas: a certeza de que ele estava sempre começando, a certeza de que era preciso continuar e a certeza de que seria interrompido antes de terminar. Fazer da interrupção um caminho novo. Fazer da queda um passo de dança, do medo uma escada, do sono uma ponte, da procura um encontro.”

Fernando Sabino em O Encontro Marcado

Quero-te…

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Não te quero senão porque te quero
e de querer-te a não querer-te chego
e de esperar-te quando não te espero
passa meu coração do frio ao fogo.

Quero-te apenas porque a ti eu quero,
a ti odeio sem fim e, odiando-te, te suplico,
e a medida do meu amor viajante
é não ver-te e amar-te como um cego.

Consumirá talvez a luz de Janeiro,
o seu raio cruel, meu coração inteiro,
roubando-me a chave do sossego.

Nesta história apenas eu morro
e morrerei de amor porque te quero,
porque te quero, amor, a sangue e fogo.

Exagero…

I can’t get to sleep
I think about the implications
Of diving in too deep
And possibly the complications

Especially at night
I worry over situations
I know will be alright
Perhaps its just my imagination

Day after day it reappears
Night after night my heartbeat, shows the fear
Ghosts appear and fade away

Alone between the sheets
Only brings the exasperation
It’s time to walk the streets
Smell the desperation

At least there’s pretty lights
And though there’s little variation
It nullifies the night
From overkill

Day after day it reappears
Night after night my heartbeat, shows the fear
Ghosts appear and fade away
Come back another day…

Overkill – Men At Work

DESTINO…

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Nas palmas de tuas mãos
leio as linhas da minha vida.
Linhas cruzadas, sinuosas,
interferindo no teu destino.
Não te procurei, não me procurastes –
íamos sozinhos por estradas diferentes.
Indiferentes, cruzamos
Passavas com o fardo da vida…
Corri ao teu encontro.
Sorri. Falamos.
Esse dia foi marcado
com a pedra branca
da cabeça de um peixe.
E, desde então, caminhamos
juntos pela vida…

Cora Coralina

Rembrandt…

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“Tente colocar em prática o que você já sabe; e fazendo isso, você descobrirá, com o tempo, as coisas escondidas sobre as quais agora você se questiona. Pratique o que você sabe e isso ajudará a tornar claro o que agora você não sabe.”

Rembrandt Harmenszoon van Rijn (1606-1669) foi um pintor holandês. É geralmente considerado um dos maiores nomes da história da arte europeia e o mais importante da história holandesa. É considerado, por alguns, como o maior pintor de todos os tempos. As suas contribuições à arte surgiram em um período denominado pelos historiadores de “Século de ouro dos Países Baixos”, no qual a influência política, a ciência, o comércio e a cultura holandesa — particularmente a pintura — atingiram seu ápice.

Ela é minha menina
E eu sou o menino dela
Ela é o meu amor
E eu sou o amor todinho dela

A lua prateada se escondeu
E o sol dourado apareceu
Amanheceu um lindo dia
Cheirando a alegria

Pois eu sonhei
E acordei pensando nela

Pois ela é minha menina
E eu sou o menino dela
Ela é o meu amor
E eu sou o amor todinho dela

A roseira já deu rosas
E a rosa que eu ganhei foi ela
Por ela eu ponho o meu coração
Na frente da razão

E vou dizer pra todo mundo
Como gosto dela

Pois ela é minha menina
E eu sou o menino dela
Ela é o meu amor
E eu sou o amor todinho dela

Jorge Ben, 1968.

Neve…

Quando você for se embora,
moça branca como a neve,
me leve.
Se acaso você não possa
me carregar pela mão,
menina branca de neve,
me leve no coração.
Se no coração não possa
por acaso me levar,
moça de sonho e de neve,
me leve no seu lembrar.
E se aí também não possa
por tanta coisa que leve
já viva em seu pensamento,
menina branca de neve,
me leve no esquecimento.

Ferreira Gullar em Cantiga para não morrer

Ideais…

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É difícil em tempos como estes: ideais, sonhos e esperanças permanecem dentro de nós, sendo esmagados pela dura realidade. É um milagre eu não ter abandonado todos os meus ideais, eles parecem tão absurdos e impraticáveis. No entanto, eu me apego a eles, porque eu ainda acredito, apesar de tudo, que as pessoas são realmente boas de coração.

* Anne Frank em O “Diário de Anne Frank”

“E o tempo passou.

E, como todo mundo,
o menino maluquinho cresceu.

Cresceu
e virou um cara legal!

Aliás,
virou o cara mais legal
do mundo!

Mas, um cara legal mesmo!

E foi aí que
todo mundo descobriu
que ele
não tinha sido
um
menino
maluquinho

ele tinha sido era um menino feliz!”

Ziraldo: O Menino Maluquinho

 

Essencial…

“Mas é preciso escolher. Porque o tempo foge. Não há tempo para tudo. Não poderei escutar todas as músicas que desejo, não poderei ler todos os livros que desejo, não poderei abraçar todas as pessoas que desejo.

É necessário aprender a arte de “abrir mão” – a fim de nos dedicarmos àquilo que é essencial.”

Rubem Alves

Van Gogh…

“O que sou eu aos olhos da maioria das pessoas? Uma não entidade, ou um homem excêntrico e desagradável – alguém que não tem e nunca terá posição na vida, em suma, o menor dos menores. Muito bem, mesmo que isso fosse verdade, devo querer que o meu trabalho mostre o que vai no coração de um homem excêntrico e desse joão-ninguém.” – Carta de Vincent ao irmão Théo (21 de julho de 1882).

Vincent Willem Van Gogh foi um pintor holandês nascido em 30 de Março de 1853, considerado um dos artistas mais influentes dos últimos tempos, embora seu reconhecimento tenha se dado apenas depois de sua morte. Enquanto vivo vendeu apenas um quadro – “O Vinhedo vermelho”. Van Gogh nunca imaginou a fama que viria a ter.  Com a saúde mental debilitada e acessos de loucura, pôs fim a própria vida em julho de 1890 aos 37 anos.
Imagem: © Vincent Van Gogh, Auto-Retrato, (Wikicommons).

Tempo…

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“Esse tic-tac dos relógios

é a máquina de costura do tempo

a fábricar mortalhas.”

Mário Quintana

Entardecer…

Wet feet of a couple on a dock --- Image by © Ghislain & Marie David de Lossy/cultura/Corbis“Você está para fazer oitenta e dois anos. Encolheu seis centímetros, não pesa mais do que quarenta e cinco quilos e continua bela, graciosa e desejável. Já faz cinquenta e oito anos que vivemos juntos, e eu amo você mais do que nunca. De novo, carrego no fundo do meu peito um vazio devorador que somente o calor do seu corpo contra o meu é capaz de preencher.”

Trecho do livro Carta a D.,  André Gorz
Image by © Ghislain & Marie David de Lossy

Verão…

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“Como hei de comparar-te a um dia de verão?
És muito mais amável e mais amena:
Os ventos sopram os doces botões de maio,
E o verão finda antes que possamos começá-lo:
Por vezes, o sol lança seus cálidos raios,
Ou esconde o rosto dourado sob a névoa;
E tudo que é belo um dia acaba,
Seja pelo acaso ou por sua natureza;
Mas teu eterno verão jamais se extingue,
Nem perde o frescor que só tu possuis;
Nem a Morte virá arrastar-te sob a sombra,
Quando os versos te elevarem à eternidade:
Enquanto a humanidade puder respirar e ver,
Viverá meu canto, e ele te fará viver.”

Sonnet 18, William Shakespeare no livro “Fair Youth”
Imagem “Campo de Trigo ao Sol” – Van Gogh

Quando vier a Primavera…

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Quando vier a Primavera,
Se eu já estiver morto,
As flores florirão da mesma maneira
E as árvores não serão menos verdes que na Primavera passada.
A realidade não precisa de mim.

Sinto uma alegria enorme
Ao pensar que a minha morte não tem importância nenhuma

Se soubesse que amanhã morria
E a Primavera era depois de amanhã,
Morreria contente, porque ela era depois de amanhã.
Se esse é o seu tempo, quando havia ela de vir senão no seu tempo?
Gosto que tudo seja real e que tudo esteja certo;
E gosto porque assim seria, mesmo que eu não gostasse.
Por isso, se morrer agora, morro contente,
Porque tudo é real e tudo está certo.

Podem rezar latim sobre o meu caixão, se quiserem.
Se quiserem, podem dançar e cantar à roda dele.
Não tenho preferências para quando já não puder ter preferências.
O que for, quando for, é que será o que é.

Alberto Caeiro, in “Poemas Inconjuntos”
Heterónimo de Fernando Pessoa

Céu de Estrelas…

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“Ora (direis) ouvir estrelas! Certo
Perdeste o senso!” E eu vos direi, no entanto,
Que, para ouvi-las, muita vez desperto
E abro as janelas, pálido de espanto…

E conversamos toda a noite, enquanto
A Via Láctea, como um pálio aberto,
Cintila. E, ao vir do sol, saudoso e em pranto,
Inda as procuro pelo céu deserto.

Direis agora: “Tresloucado amigo!
Que conversas com elas? Que sentido
Tem o que dizem, quando estão contigo?”

E eu vos direi: “Amai para entendê-las!
Pois só quem ama pode ter ouvido
Capaz de ouvir e de entender estrelas.”

Olavo Bilac, Poeta brasieleiro em  Via Láctea

Aquecendo…

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E no meio de um inverno eu finalmente
aprendi que havia dentro de mim
um verão invencível.

Albert Camus, escritor francês agraciado com Prêmio Nobel de Literatura em 1957.

Inverno…

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“…Yo voy a cerrar los ojos

Y sólo quiero cinco cosas,
cinco raices preferidas.

Una es el amor sin fin.

Lo segundo es ver el otoño.
No puedo ser sin que las hojas
vuelen y vuelvan a la tierra.

Lo tercero es el grave invierno,
la lluvia que amé, la caricia
del fuego en el frío silvestre.

En cuarto lugar el verano
redondo como una sandía.

La quinta cosa son tus ojos,
Matilde mía, bienamada,
no quiero dormir sin tus ojos,
no quiero ser sin que me mires:
yo cambio la primavera
por que tú me sigas mirando…”

Pablo Neruda em “Pido Silencio”, publicado em 1958 no livro Estravagario

O que eu vejo…

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“O que eu vejo, o que eu sou
e suponho
não é mais do que um sonho
num sonho.”

 

Edgar Allan Poe,  poeta americano, em Um Sonho num Sonho, do livro Poemas e Ensaios

Sobre o Sonhar…

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“Ó maravilha de raça humana,
Qual frenesi te tens assim conduzido?
Falarás com animais de toda espécie
E eles contigo na linguagem dos homens.”

Leonardo da Vinci (1452-1519), no livro Sátiras, Fábulas, Aforismos e Profecias.

Perdido…

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“Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.”

Fernando Pessoa em Tabacaria

Aprendendo…

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Ninguém tira do homem o que
ele aprende, a verdade da vida
está nos olhos de quem a vive,
no coração de quem ama e
na cabeça de quem a compreende”

“O homem é feito ou desfeito por si mesmo.
Ao fazer a escolha certa ele ascende,
como criatura dotada de força, inteligência e amor,

e como senhor de seus próprios pensamentos,
ele tem a chave de todas as situações…”
Henfil

Leitura…

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Existem todas as possibilidades, a mais absoluta liberdade de escolha.
Como em um livro, onde cada letra permanece para sempre na página,
mas o que muda é a própria consciência
que escolhe o que ler e o que deixar de lado.

– Richard Bach

Lamentos…

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“As coisas se desprenderam de mim. Eu prolonguei certos desejos; eu perdi amigos, alguns para a morte… outros pela incapacidade de atravessar a rua.”
– Virginia Woolf – 

Saber amar..

© Jesco Tscholitsch

Cada qual sabe amar a seu modo; o modo pouco importa; o essencial é que saiba amar

Machado de Assis

Abre o teu coração…

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“Oh bela, gera a primavera
Aciona o teu condão
Oh bela, faz da besta fera
Um príncipe cristão
Recebe o teu poeta, oh bela
Abre teu coração
Abre teu coração
Ou eu arrombo a janela”

Nando Reis

Na tua face…

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(…) Nunca mais nos veremos? Perguntei com a estupidez de quando não há perguntas a fazer. Mas ao mesmo tempo, por baixo da minha insensatez, eu sentia o impulso absurdo de recuperar uma irrealidade perdida. Nunca mais?… E imprevistamente era aí que eu repousava, na tua face, na imagem final do meu desassossego.

Virgílio Ferreira, in “Na tua Face”

Memória…

Memória é…

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onde os sonhos adormecem!

Despertando, abrem janelas no tempo.

– Ana Hatherly 

Primavera outra vez…

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Colhe a alegria das flores da primavera
e brinca feliz enquanto é tempo.
Sempre haverá os dias em que chegará o inverno
e não terás o perfume das flores,
nem o sol, nem a vivacidade das cores.

Augusto Branco

Segredos…

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Eu gosto de escutar. Eu aprendi muito escutando cuidadosamente. A maioria das pessoas nunca escuta.

Ernest Hemingway

Piano…

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Li-te, nas tuas páginas pesadas de sentimento, que os orientais acreditam que existe um coelho a habitar na lua. Acreditas? E, que por mais tentativas que se faça, continuamos a ser incapaz de o vislumbrar.

Eu apenas, na minha cegueira, vejo o Homem que mora na minha mente. Por mais invisível que sejas perto da imensidão da Lua, és capaz de iluminar as águas e colorir todo o meu oceano!

Comparo-te ao encantador de serpentes, que parece tão inofensivo, e depois de o ouvires perdes completamente a sensibilidade ao som, porque te tornas incapaz de ouvir alguma vez mais tal perfeição! Não sei se faz sentido, mas é um pouco esta sensação que tenho quando estou contigo.

Quando sei que não vou ouvir a tua voz, tão meiga, parece que tudo ao meu redor se transforma num ruído ensurdecedor…

Não sais da minha mente …

És o meu afinador da alma,

Escrivão do meu destino,

Guardião do meu coração.

Sinto-te “under my skin”

… em cada arrepio,

… em cada olhar,

… em cada pulsação,

… em cada fracção do meu respirar!

Por mais absurdamente metafórico que sejam estas palavras, são incapazes de saborear o mais puro e singelo amor que sinto por ti!

Sem ti, apenas não faria sentido …

Passagens do livro Afinador de Pianos, de Daniel Mason

Decisão…

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“O grande poder do ser humano está na sua capacidade de tomar decisões.
Cada decisão que tomamos nos permite modificar o futuro e o passado.
Escolher, porém, significa comprometer-se.
Quando alguém faz uma escolha, deve lembrar-se que o caminho a ser
percorrido será muito diferente do caminho imaginado.
Escolher significa: “bem, eu sei onde quero chegar”.
A partir daí, É preciso estar atento ao mundo,
porque uma decisão deflagra uma série de eventos inesperados.
Comprometa-se com a sua decisão
Seja ela no campo, afetivo, profissional ou espiritual.
Tudo o que sua decisão precisa é a sua vontade de seguir adiante.
De resto, ela mesma lhe tomará pelas mãos
e lhe mostrará o melhor caminho”.
PAULO COELHO

Cartas de Amor…

Todas as cartas de amor são
Ridículas.
Não seriam cartas de amor se não fossem
Ridículas.

Também escrevi em meu tempo cartas de amor,
Como as outras,
Ridículas.

As cartas de amor, se há amor,
Têm de ser
Ridículas.

Mas, afinal,
Só as criaturas que nunca escreveram
Cartas de amor
É que são
Ridículas.

Quem me dera no tempo em que escrevia
Sem dar por isso
Cartas de amor
Ridículas.

A verdade é que hoje
As minhas memórias
Dessas cartas de amor
É que são
Ridículas.

(Todas as palavras esdrúxulas,
Como os sentimentos esdrúxulos,
São naturalmente
Ridículas.)

Por Álvaro de Campos

É primavera…

“Venha, meu coração esta com pressa
Quando a esperança está dispersa
Só a verdade me liberta
Chega de maldade e ilusão
Venha, o amor tem sempre a porta aberta
E vem chegando a primavera
Nosso futuro recomeça:
Venha que o que vem é perfeição…”

Renato Russo

Esperando…

“Era a tarde mais longa de todas as tardes que me acontecia
Eu esperava por ti, tu não vinhas, tardavas eu entardecia.
Era tarde, tão tarde, que a boca, tardando-lhe o beijo,
mordia quando à boca da noite surgiste na tarde tal rosa tardia.

Quando nós nos olhamos tardámos no beijo que a boca pedia
E na tarde ficámos unidos ardendo na luz que morria
Em nós dois nessa tarde em que tanto tardaste o sol amanhecia
era tarde de mais para haver outra noite para haver outro dia.”

 Ary dos Santos em “Estrela da Tarde”

Sossega Coração…

Sossega, coração! Não desesperes!
Talvez um dia, para além dos dias,
Encontres o que queres porque o queres.
Então, livre de falsas nostalgias,
Atingirás a perfeição de seres.

Mas pobre sonho o que só quer não tê-lo!
Pobre esperença a de existir somente!
Como quem passa a mão pelo cabelo
E em si mesmo se sente diferente,
Como faz mal ao sonho o concebê-lo!

Sossega, coração, contudo! Dorme!
O sossego não quer razão nem causa.
Quer só a noite plácida e enorme,
A grande, universal, solente pausa
Antes que tudo em tudo se transforme.

Fernando Pessoa 2-8-1933

infinito…

“Para ver o mundo num grão de areia

 E o céu numa flor silvestre,

 Segura o infinito na palma da tua mão

 E a eternidade numa hora”.

 William Blake

Receita de ano novo…

Para você ganhar belíssimo Ano Novo
cor de arco-íris, ou da cor da sua paz,
Ano Novo sem comparação como todo o tempo já vivido
(mal vivido ou talvez sem sentido)
para você ganhar um ano
não apenas pintado de novo, remendado às carreiras,
mas novo nas sementinhas do vir-a-ser,
novo
até no coração das coisas menos percebidas
(a começar pelo seu interior)
novo espontâneo, que de tão perfeito nem se nota,
mas com ele se come, se passeia,
se ama, se compreende, se trabalha,
você não precisa beber champanha ou qualquer outra birita,
não precisa expedir nem receber mensagens
(planta recebe mensagens?
passa telegramas?).
Não precisa fazer lista de boas intenções
para arquivá-las na gaveta.
Não precisa chorar de arrependido
pelas besteiras consumadas
nem parvamente acreditar
que por decreto da esperança
a partir de janeiro as coisas mudem
e seja tudo claridade, recompensa,
justiça entre os homens e as nações,
liberdade com cheiro e gosto de pão matinal,
direitos respeitados, começando
pelo direito augusto de viver.
Para ganhar um ano-novo
que mereça este nome,
você, meu caro, tem de merecê-lo,
tem de fazê-lo de novo, eu sei que não é fácil,
mas tente, experimente, consciente.
É dentro de você que o Ano Novo
cochila e espera desde sempre.

Carlos Drummond de Andrade

Texto extraído do “Jornal do Brasil”, Dezembro/1997.

“Morre lentamente quem passa os dias queixando-se da má sorte ou da chuva incessante, desistindo de um projeto antes de iniciá-lo, não perguntando sobre um assunto que desconhece e não respondendo quando lhe indagam o que sabe”.

Pablo Neruda, poeta, diplomata,1904-1973

Pessoas…

“O senhor mire e veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas, mas elas vão sempre mudando. Afinam e desafinam.”

João Guimarães Rosa

Dança…

Creio que aqueles que mais entendem de felicidade são as borboletas e as bolhas de sabão…
Ver girar essas pequenas almas leves, loucas, graciosas e que se movem é o que,
de mim, arrancam lágrimas e canções.
Eu só poderia acreditar em um Deus que soubesse dançar.
E quando vi meu demônio, pareceu-me sério, grave, profundo, solene.
Era o espírito da gravidade.
Ele é que faz cair todas as coisas.
Não é com ira, mas com riso que se mata.
Coragem!
Vamos matar o espírito da gravidade!
Eu aprendi a andar.
Desde então, passei por mim a correr.
Eu aprendi a voar.
Desde então, não quero que me empurrem para mudar de lugar.
Agora sou leve, agora vôo, agora vejo por baixo de mim mesmo,
agora um Deus dança em mim!

Friederich Nietzsche

Claridade…


…o quanto te amei antes de te conhecer. Eram os teus olhos, labirintos de água, terra, fogo, ar,que eu amava quando imaginava que amava. Era a tua voz que dizia as palavras da vida. Era o teu rosto. Era a tua pele. Antes de te conhecer, existias nas árvores e nos montes e nas nuvens que olhava ao fim da tarde. Muito longe de mim, dentro de mim, eras tu a claridade.
                                                                                                           

 José Luís Peixoto

Sleeping…

Tudo o que dorme é criança de novo. Talvez porque no sono não se possa fazer mal, e se não dá conta da vida, o maior criminoso, o mais fechado egoísta é sagrado, por uma magia natural, enquanto dorme. Entre matar quem dorme e matar uma criança não conheço diferença que se sinta.”

Fernando Pessoa

Olhar…

Olhar o mesmo olho

com outros olhos

em outro olhar

o mesmo olho

nos mesmos olhos

o olhar do outro

de olho.

Alice Ruiz

Conquista…

 

“O coração da fêmea é um labirinto de subtilezas que desafina a mente grosseira do macho trapaceiro. Se quiser realmente possuir uma mulher, tem de pensar como ela, e a primeira coisa é conquistar-lhe a alma. O resto, o doce envoltório macio que nos faz perder o sentido e a virtude, vem por acréscimo. “

Carlos Ruiz Zafón – no livro “Sombra do Vento”

Fechado numa casca de noz eu poderia julgar-me

rei de um espaço infinito.

*

Shakespeare, in Hamlet

Don´t Panic…

“A Enciclopédia Galáctica define o amor como algo incrivelmente complicado de se explicar.
Já o Guia do Mochileiro das Galáxias define amor como: geralmente doloroso, se puder, evite-o. Mas para o azar dos terráqueos, eles nunca leram o Guia do Mochileiro das Galáxias…”

Douglas Adams em “O Guia do Mochileiro das Galaxias”

 Não sou isto nem aquilo
É o meu modo de viver
É, às vezes, tão tranquilo
Que nem chega a dar prazer…
Todavia, onde apareço,
…Logo a paz desaparece
E a guerra que não mereço
Dá princípio à minha prece.
És alegre? Vês-me triste?
Por que não te vais embora?
Quem é triste é porque é triste.
E quem chora é porque chora.
Tenho tudo o que não tens
Tenho a névoa por remate.
Sou da raça desses cães
Em que toda a gente bate.
Só a idade com o tempo
Há-de vir tornar-me forte.
A uns, basta-lhes o vento…
Aos Poetas, basta a morte.
 
Pedro Homem de Mello em “Eu Hei-de Voltar um Dia”

Quem já passou por essa vida e não viveu
Pode ser mais, mas sabe menos do que eu
Porque a vida só se dá pra quem se deu
Pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu
Ah, quem nunca curtiu uma paixão nunca vai ter nada, não
Nao há mal pior do que a descrença
Mesmo o amor que não compensa é melhor que a solidão
Abre os teus braços, meu irmão, deixa cair
Pra que somar se a gente pode dividir
Eu francamente já não quero nem saber
De quem não vai porque tem medo de sofrer
Ai de quem não rasga o coração, esse não vai ter perdão

 

Como Dizia o Poeta – Vinicius de Moraes

E eu quero brincar às escondidas contigo e dar-te as minhas roupas e dizer que gosto dos teus sapatos e sentar-me nos degraus enquanto tu tomas banho e massajar o teu pescoço e beijar-te os pés e segurar na tua mão e ir comer uma refeição e não me importar se tu comes a minha comida e encontrar-me contigo no Rudy e falar sobre o dia e digitar as tuas cartas e carregar as tuas caixas e rir da tua paranóia e dar-te fitas que tu não ouves e ver filmes ótimos, ver filmes horríveis e queixar-me da rádio e tirar fotografias suas enquanto dormes e levantar-me para te ir buscar café e brioches e folhados e ir ao Florent beber café à meia-noite e tu a roubares-me os cigarros e a nunca conseguir achar sequer um fósforo e falar-te sobre o programa de televisão que vi na noite anterior e levar-te ao oftalmologista e não rir das tuas piadas e querer-te de manhã mas deixar-te dormir mais um pouco e beijar-te as costas e tocar na tua pele e dizer quanto gosto do teu cabelo dos teus olhos dos teus lábios do teu pescoço dos teus peitos do teu rabo do teu… E sentar-me nos degraus a fumar até o teu vizinho chegar em casa e  sentar nos degraus a fumar até chegares em casa e preocupar-me quando estás atrasada e ficar surpreendido quando chegas cedo e dar-te girassóis e ir à tua festa e dançar até ficar todo negro e pedir desculpa quando estou errado e ficar feliz quando me desculpas e olhar para as tuas fotografias e desejar ter-te conhecido desde sempre e ouvir a tua voz no meu ouvido e sentir a tua pele na minha pele e ficar assustado quando estás zangada e um dos teus olhos vermelho e o outro azul e o teu cabelo para a esquerda e o teu rosto para oriente e dizer-te que és lindíssima e abraçar-te quando estás ansiosa e amparar-te quando estás magoada e querer-te quando te cheiro e ofender-te quando te toco e choramingar quando estou ao pé de ti e choramingar quando não estou e babar-me no teu peito e cobrir-te à noite e ficar frio quando me tiras o cobertor e quente quando não o fazes e derreter-me quando sorris e desintegrar-me quando te ris e não compreender por que é que pensas que eu te estou a deixar quando eu não te estou a deixar e pensar como é que tu podes achar que eu alguma vez te podia deixar e pensar em quem tu és mas aceitar-te na mesma e contar-te sobre o rapaz da floresta encantada de árvores anjo que voou por cima do oceano porque te amava e escrever-te poemas e pensar por que é que tu não acreditas em mim e ter um sentimento tão profundo que para ele não existem palavras e querer comprar-te um gatinho do qual teria ciúmes porque teria mais atenção que eu e atrasar-te na cama quando tens de ir e chorar como um bebé quando finalmente vais e ver-me livre das baratas e comprar-te prendas que tu não queres e levá-las de volta outra vez e pedir-te em casamento e tu dizeres não outra vez mas eu continuar a pedir-te porque embora tu penses que eu não estou a falar a sério eu estou mesmo a falar a sério desde a primeira vez que te pedi e vaguear pela cidade pensando que ela está vazia sem ti e querer aquilo que queres e achar que me estou a perder mas saber que estou seguro contigo e contar-te o pior que há em mim e tentar dar-te o meu melhor porque não mereces menos e responder às tuas perguntas quando deveria não o fazer e dizer-te a verdade quando na verdade não o quero e tentar ser honesto porque sei que preferes assim e pensar que acabou tudo mas ficar agarrado a apenas mais dez minutos antes de me atirares para fora da tua vida e esquecer-me de quem sou e tentar chegar mais perto de ti porque é maravilhoso aprender a conhecer-te e vale bem o esforço e falar mau alemão contigo e pior ainda em hebreu e fazer amor contigo às três da manhã e de alguma maneira de alguma maneira de alguma maneira transmitir algo do esmagador, imortal, irresistível, incondicional, abrangente, preenchedor, desafiante, contínuo e infindável amor que tenho por ti.
 
*Falta, Sarah Kane – dramaturga inglesa – 1971/1999

Precisão…

 
O que me tranqüiliza é que tudo o que existe, existe com uma precisão absoluta.
O que for do tamanho de uma cabeça de alfinete não transborda nem uma fração de milímetro além do tamanho de uma cabeça de alfinete.
Tudo o que existe é de uma grande exatidão.
Pena é que a maior parte do que existe com essa exatidão nos é tecnicamente invisível.
O bom é que a verdade chega a nós como um sentido secreto das coisas.
Nós terminamos adivinhando, confusos, a perfeição.

Clarice Lispector

Orquestra…

Tu tens um medo:
Acabar.
Não vês que acabas todo o dia.
Que morres no amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que te renovas todo o dia.
No amor.
Na tristeza.
Na dúvida.
No desejo.
Que és sempre outro.
Que és sempre o mesmo.
Que morrerás por idades imensas.
Até não teres medo de morrer.
E então serás eterno

Cecília Meireles

Humanidade…

“De tanto ver as nulidades;

de tanto ver prosperar a desonra;

de tanto ver crescer a injustiça;

de tanto ver agigantarem-se os poderes na mãos dos maus,

o homem chega a desanimar-se da virtude,

a rir-se da honra e a ter a vergonha de ser honesto.”

Rui Barbosa

Fim de ano…

Procuro uma alegria
uma mala vazia
do final de ano
e eis que tenho na mão
– flor do cotidiano –
é vôo de um pássaro
é uma canção.

Carlos Drummond de Andrade



 

Não referirei os motivos que tu tens para me amar.

Pois tu não tens nenhuns.

A única razão de se amar é o amor.”

Antoine de Saint-Exupéry

 

 

Lealdade…

“Seria possível para um cachorro — qualquer cachorro, mas
principalmente um absolutamente incontrolável e maluco como o
nosso — pudesse mostrar aos seres humanos o que realmente
importava na vida? Eu acreditava que sim. Lealdade. Coragem.
Devoção. Simplicidade. Alegria. E também as coisas que não tinham
importância. Um cão não precisa de carros modernos, palacetes ou
roupas de grife. Símbolos de status não significam nada para ele. Um
pedaço de madeira encontrado na praia serve. Um cão não julga os
outros por sua cor, credo ou classe, mas por quem são por dentro. Um
cão não se importa se você é rico ou pobre, educado ou analfabeto,
inteligente ou burro. Se você lhe der seu coração, ele lhe dará o dele. E
realmente muito simples, mas, mesmo assim, nós humanos, tão mais
sábios e sofisticados, sempre tivemos problemas para descobrir o que
realmente importa ou não…”

John Grogan – jornalista norte-americano, no livro “Marley & Eu: a Vida e o Amor ao Lado do Pior Cão do Mundo

Anseio…

Do fundo do fim do mundo
Vieram me perguntar
Qual era o anseio fundo
Que me fazia chorar.
E eu disse, “É esse que os poetas
Têm tentado dizer
Em obras sempre incompletas
Em que puseram seu ser”.


Fernando Pessoa

Música…

” É música o rigor com que te moves
à fluida superfície do mistério,
os pés quase suspensos, a aérea
partitura do corpo, seus acordes.
Espaço e Tempo são teu solo”…

Ivan Junqueira em Quase uma Sonata

Você…

A vida inteira esperei por alguém como tu.
Mesmo sabendo que não sei como és.
E mesmo que ainda não se tenha passado
a vida inteira.

– Jorge Reis-Sá

Só…

Me deixem aqui em paz,
Ao sol e à vida,
Não preciso nem comida,
Me deixem só aqui no meu instante

Vago e tímido elefante.
Feliz em minha preguiça.
Não preciso nem justiça
.

MILLOR DEFINITIVO –em “a bíblia do caos”

Felicidade…

* Encontrado por aí…

La Mar…

Sempre pensava no mar como la mar, que é o que o povo lhe chama em espanhol, quando o ama. Às vezes, aqueles que gostam do mar dizem mal dele, mas sempre o dizem como se ele fosse mulher. Alguns dos pescadores mais novos, os que usam bóias por flutuadores e têm barcos a motor, comprados quando os fígados de tubarão davam muito dinheiro, dizem el mar, que é masculino. Falavam dele como de um antagonista, um lugar, até um inimigo. Mas o velho sempre pensava no mar como feminino, como algo que entrega ou recusa favores supremos, e, se tresvariava ou fazia maldades era porque não podia deixar de as fazer. A lua influi no mar como nas mulheres, pensava ele.

Ernest Hemingway em “O Velho e o Mar”

Lua cheia…

“A lua parte com quem partiu e fica com quem ficou.

E, pacientemente consoladoramente,

aguarda os suicidas no fundo do poço.”

Mário Quintana, no livro “Sapato florido

Mas é claro que o sol vai voltar amanhã
Mais uma vez eu sei
Escuridão já vi pior de endoidecer gente sã
Espera que o sol já vem.

Tem gente que está do mesmo lado que você
Mas deveria estar do lado de lá
Tem gente que machuca os outros
Tem gente que não sabe amar
Tem gente enganando a gente
Veja a nossa vida como está
Mas eu sei que um dia a gente aprende
Se você quiser alguém em quem confiar
Confie em si mesmo
Quem acredita sempre alcança!

Nunca deixe que lhe digam que não vale a pena
Acreditar no sonho que se tem
Ou que seus planos nunca vão dar certo
Ou que você nunca vai ser alguém
Tem gente que machuca os outros
Tem gente que não sabe amar
Mas eu sei que um dia a gente aprende
Se você quiser alguém em quem confiar
Confie em si mesmo
Quem acredita sempre alcança!

Mais uma vez – Renato Russo

Passado…

Eu amo tudo o que foi,
Tudo o que já não é,
A dor que já me não dói,
A antiga e errônea fé,
O ontem que dor deixou,
O que deixou alegria
Só porque foi, e voou
E hoje é já outro dia.

Fernando Pessoa, 1931.

Ai estão os jardins, os templos e a justificação dos templos,
A exata música e as exatas palavras,
Os sessenta e quatro hexagramas,
Os ritos que são a única sabedoria
Que outorga o Firmamento aos homens,
O decoro daquele imperador
Cuja serenidade foi refletida pelo mundo, seu espelho,
De sorte que os campos davam seus frutos
E as torrentes respeitavam suas margens,
O unicórnio ferido que regressa para marcar o fim,
As secretas leis eternas,
O concerto do orbe;
Essas coisas ou sua memória estão nos livros
Que custodio na torre.
Os tártaros vieram do Norte
em crinados potros pequenos;
Aniquilaram os exércitos
Que o Filho do Céu mandou para castigar sua impiedade,
Ergueram pirâmides de fogo e cortaram gargantas,
Mataram o perverso e o justo,
Mataram o escravo acorrentado que vigia a porta,
Usaram e esqueceram as mulheres
E seguiram para o Sul,
Inocentes como animais de presa,
Cruéis como facas.
Na aurora dúbia
O pai de meu pai salvou os livros.
Aqui estão na torre onde jazo,
Recordando os dias que foram de outros,
Os alheios e antigos.
Em meus olhos não há dias.
As prateleiras
Estão muito altas e não as alcançam meus anos.
Léguas de pó e sonho cercam a torre.
Por que enganar-me?
A verdade é que nunca soube ler,
Mas me consolo pensando
Que o imaginado e o passado já são o mesmo
Para um homem que foi
E que contempla o que foi a cidade
E agora volta a se;. o deserto.
Que me impede sonhar que alguma vez
Decifrei a sabedoria
E desenhei com aplicada mão os símbolos?
Meu nome é Hsiang.
Sou o que custodia os livros,
Que talvez sejam os últimos,
Porque nada sabemos do Império
E do Filho do Céu.
Aí estão nas altas estantes,
A um tempo próximos e distantes;
Secretos e visíveis como os astros.
Aí estão os jardins, os templos.

Jorge Luís Borges em   Elogio da Sombra

Diferenças…

“La principal diferencia entre un hombre y una mujer
es que un hombre siempre antepone su estómago a su corazón.
Una mujer siempre hace lo contrario.”

Carlos Ruiz Zafón – escritor espanhol, no livro, El Palacio de la Medianoche

Amando…

“Mas sendo ela minha alma gêmea, eu a conhecia muito bem.
Quando você ama uma pessoa mais do que todas as outras,
você sabe tudo o que há para saber sobre ela.”

– Orhan Pamuk – em “Neve”

O valor da Amizade…

“Quem tem um amigo,
mesmo que um só,
não importa onde se encontre,
jamais sofrerá de solidão;
poderá morrer de saudades,
mas não estará só.”

Amir Klink

Além das aparências…

“Ele era gago, vesgo e mancava de uma perna
e daí?
era gostoso, inteligente e tinha uma boca linda
sabia dizer coisas belas em horas estranhas
e chorava quando se sentia completamente feliz.”

– Martha Medeiros, no livro “Poesia Reunida”

No curso dos anos ambos chegaram por caminhos diferentes à conclusão sábia de que não era possível morar juntos de outro modo, nem se amarem de outro modo: nada neste mundo era mais difícil do que o amor.

– Gabriel Garcia Marquez, no livro, “O Amor no Tempo do Cólera”

A revista “Rolling Stone”, publicou uma lista com as 500 melhores canções de todos os tempos. 
Aqui estão as 100 primeiras das 500 melhores canções de todos tempos, segundo a “Rolling Stone ”                     

1. Bob Dylan “Like a Rolling Stone” 1965
2. Rolling Stones “(I Can’t Get No) Satisfaction” 1965
3. John Lennon “Imagine” 1971
4. Marvin Gaye “What’s Going On” 1971
5. Aretha Franklin “Respect” 1967
6. Beach Boys “Good Vibrations” 1966
7. Chuck Berry “Johnny B. Goode” 1958
8. Beatles “Hey Jude” 1968
9. Nirvana “Smells Like Teen Spirit” 1991
10. Ray Charles “What’d I Say” 1959
11. The Who “My Generation” 1966
12. Sam Cooke “A Change Is Gonna Come” 1965
13. Beatles “Yesterday” 1965
14. Bob Dylan “Blowin’ in the Wind” 1963
15. The Clash “London Calling” 1980
16. Beatles “I Want to Hold Your Hand” 1964
17. Jimi Hendrix “Purple Haze” 1967
18. Chuck Berry “Maybellene” 1955
19. Elvis Presley “Hound Dog” 1956
20. Beatles “Let it Be” 1970
21. Bruce Springsteen “Born To Run” 1975
22. The Ronettes “Be My Baby” 1963
23. Beatles “In My Life” 1966
24. Impressions “People Get Ready” 1965
25. Beach Boys “God Only Knows” 1966
26. Beatles “A Day in the Life” 1967
27. Derek and the Dominos “Layla” 1971
28. Otis Redding “Sitting on the Dock of the Bay” 1968
29. Beatles “Help!” 1965
30. Johnny Cash “I Walk the Line” 1956
31. Led Zeppelin “Stairway To Heaven” 1971
32. Rolling Stones “Sympathy For The Devil” 1968
33. Ike and Tina Turner “River Deep, Mountain High” 1966
34. Righteous Brothers “You’ve Lost That Lovin’ Feelin'” 1964
35. The Doors “Light My Fire” 1967
36. U2 “One” 1991
37. Bob Marley and the Wailers “No Woman No Cry” 1974
38. Rolling Stones “Gimme Shelter” 1969
39. Buddy Holly and the Crickets “That’ll Be the Day” 1957
40. Martha and The Vandellas “Dancing In The Street” 1964
41. The Band “The Weight” 1968
42. The Kinks “Waterloo Sunset” 1967
43. Little Richard “Tutti Frutti” 1956
44. Ray Charles “Georgia On My Mind” 1960
45. Elvis Presley “Heartbreak Hotel” 1956
46. David Bowie “Heroes” 1977
47. Simon and Garfunkel “Bridge Over Troubled Water” 1969
48. Jimi Hendrix “All Along The Watchtower” 1968
49. The Eagles “Hotel California” 1977
50. Smokey Robinson and the Miracles “The Tracks Of My Tears” 1965
51. Grandmaster Flash and The Furious Five “The Message” 1982
52. Prince “When Doves Cry” 1984
53. Sex Pistols “Anarchy In The UK” 1977
54. Percy Sledge “When A Man Loves A Woman” 1966
55. The Kingsmen “Louie Louie” 1963
56. Little Richard “Long Tall Sally” 1956
57. Procol Harum “Whiter Shade Of Pale” 1967
58. Michael Jackson “Billie Jean” 1983
59. Bob Dylan “The Times They Are A-Changin'” 1963
60. Al Green “Let’s Stay Together” 1971
61. Jerry Lee Lewis “Whole Lotta Shakin’ Goin’ On” 1957
62. Bo Diddley “Bo Diddley” 1957
63. Buffalo Springfield “For What It’s Worth” 1968
64. Beatles “The She Loves You” 1964
65. Cream “Sunshine of Your Love” 1968
66. Bob Marley and the Wailers “Redemption Song” 1968
67. Elvis Presley “Jailhouse Rock” 1957
68. Bob Dylan “Tangled Up In Blue” 1975
69. Roy Orbison “Cryin'” 1961
70. Dionne Warwick “Walk On By” 1964
71. Beach Boys “California Girls” 1965
72. James Brown “Papa’s Got A Brand New Bag” 1965
73. Eddie Cochran “Summertime Blues” 1958
74. Stevie Wonder “Superstition” 1972
75. Led Zeppelin “Whole Lotta Love” 1969
76. Beatles “Strawberry Fields Forever” 1967
77. Elvis Presley “Mystery Train” 1956
78. James Brown “I Got You (I Feel Good)” 1965
79. The Byrds “Mr. Tambourine Man” 1968
80. Marvin Gaye “I Heard It Through The Grapevine” 1965
81. Fats Domino “Blueberry Hill” 1956
82. The Kinks “You Really Got Me” 1964
83 Beatles “Norwegian Wood” 1965
84. Police “Every Breath You Take” 1983
85. Patsy Cline “Crazy” 1961
86. Bruce Springsteen “Thunder Road” 1975
87. Johnny Cash “Ring of Fire” 1963
88. The Temptations “My Girl” 1965
89. Mamas And The Papas “California Dreamin'” 1966
90. Five Satins “In The Still Of The Nite” 1956
91. Elvis Presley “Suspicious Minds” 1969
92. Ramones “Blitzkrieg Bop” 1976
93. U2 “I Still Haven’t Found What I’m Looking For” 1987
94. Little Richard “Good Golly, Miss Molly” 1958
95. Carl Perkins “Blue Suede Shoes” 1956
96 Jerry Lee Lewis “Great Balls of Fire” 1957
97. Chuck Berry “Roll Over Beethoven” 1956
98. Al Green “Love and Happiness” 1972
99. Creedence Clearwater Revival “Fortunate Son” 1969
100. Rolling Stones “You Can’t Always Get What You Want” 1969

Fonte : http://www.rollingstone.com/

“When theres a shadow, you follow the sun.
When there is love, then you look for the one.
And for the promises, there is the sky.
And for the heavens are those who can fly.

If you really want to, you can hear me say
Only if you want to will you find a way.
If you really want to you can seize the day.
Only if you want to will you fly away.

When theres a journey, you follow a star.
When theres an ocean, you sail from afar.
And for the broken heart, there is the sky.
And for tomorrow are those who can fly. 

Ah! je voudrai voler comme un oiseau daile
Ah! je voudrai voler comme un oiseau daile,
Daile…”

Only if – Enya

 

Tesouros…

“Sou o dono dos tesouros perdidos no fundo do mar.
Só o que está perdido é nosso para sempre.
Nós só amamos os amigos mortos
E só as amadas mortas amam eternamente…”

— Mário Quintana

Não estás deprimido,   estás distraído …
…Distraído em relação à vida que te peenche,
Distraído em relação à vida que te rodeia,
Golfinhos, bosques, mares, montahas, rios.
Não caias como caiu teu irmão que sofre por um único ser  humano,  quando existem
cinco mil e seiscentos milhões no mundo. Além de tudo, não é assim tão ruim viver só.
Eu fico bem, decidindo a cada instante o que desejo fazer, e graças à solidão
conheço-me… o que é fundamental para viver.
Não faças o que fez teu pai, que se sente velho porque tem setenta anos,
e esquece que Moisés comandou o Êxodo aos oitenta e Rubinstein interpretava Chopin
com uma maesria sem igual aos noventa, para citar apenas dois casos conhecidos.
Não estás deprimido, estás distraído. Por isso acreditas que perdeste algo,
o que é impossível, porque tudo te foi dado.  Não fizeste um só cabelo de tua cabeça,
portanto não és dono de coisa alguma.

Além disso, a vida não te tira coisas: te liberta de coisas… alivia-te para que
possas voar mais alto, para que alcances a plenitude. Do útero ao túmulo,
vivemos numa escola; por isso, o que chamas de problemas são apenas lições.
Não perdeste coisa alguma: Aquele que morre apenas está adiantado
em relação a nós, porque todos vamos na mesma direção.  E não esqueças,
que o melhor dele, o amor, continua vivo em teu coração.
Não existe a morte…  Apenas a mudança. E do outro lado te esperam
pessoas maravilhosas: Gandhi, o Arcanjo Miguel, Whitman, São Agostinho,
Madre Teresa, teu avô e minha mãe, que acreditava que a pobreza está
mais próxima do amor, porque o dinheiro nos distrai com coisas demais,
e nos machuca, porque nos torna desconfiados.
Faz apenas o que amas e serás feliz. Aquele que faz o que ama, está
benditamente condenado ao sucesso, que chegará quando for a hora,
porque o que deve ser será, e chegará de forma natural. Não faças coisa alguma
por obrigação ou por compromisso, apenas por amor. Então terás plenitude,
e nessa plenitude tudo é possível sem esforço, porque és movido pela força
natural da vida, a mesma que me ergueu quando caiu o avião que levava minha mulher
e minha filha;  a mesma que me manteve vivo quando os médicos me deram
três ou quatro meses de vida.
Deus te tornou responsável por um ser humano, que és tu.  Deves trazer felicidade
e liberdade para ti mesmo.  E só então poderás compartilhar a vida verdadeira
com todos os outros.
Lembra-te : “Amarás ao próximo como a ti mesmo”. Reconcilia-te contigo,
coloca-te frente ao espelho e pensa que esta criatura que vês, é uma obra de Deus,
e decide neste exato momento ser feliz, porque a  felicidade é uma aquisição.
Aliás, a felicidade não é um direito, mas um dever; porque se não fores feliz,
estarás levando amargura para todos os teus vizinhos.
Um único homem que não possuiu talento ou valor para viver, mandou matar
seis milhões de judeus, seus irmãos.
Existem tantas coisas para experimentar, e a nossa passagem pela terra é tão curta,
que sofrer é uma perda de tempo.  Podemos experimentar a neve no inverno
e as flores na primavera, o chocolate de Perusa, a baguette francesa,
os tacos mexicanos, o vinho chileno, os mares e os rios, o futebol dos brasileiros,
As Mil e Uma Noites, a Divina Comédia, Quixote, Pedro Páramo,
os boleros de Manzanero e as poesias de Whitman; a música de Mahler, Mozart, Chopin,
Beethoven; as  pinturas de Caravaggio, Rembrandt, Velázquez, Picasso e Tamayo,
entre tantas maravilhas.
E se estás com câncer ou AIDS, podem acontecer duas coisas, e ambas são
positivas: se a doença ganha, te liberta do corpo que é cheio de processos
(tenho fome,  tenho frio, tenho sono, tenho vontades, tenho razão, tenho dúvidas)… Se tu
vences, serás mais humilde, mais agradecido… portanto, facilmente  feliz,
livre do enorme peso da culpa, da responsabilidade e da vaidade, disposto a viver
cada instante profundamente, como deve ser.
Não estás deprimido, estás desocupado.
Ajuda a criança que precisa de ti, essa criança que será sócia do teu filho.  Ajuda
os velhos e os jovens te ajudarão quando for tua vez.
Aliás, o serviço prestado é uma forma segura de ser feliz, como é gostar da natureza
e cuidar dela para aqueles que virão.
Dá sem medida, e receberás sem medida.
Ama até que te tornes o ser amado;  mais ainda converte-te no próprio Amor.
E não te deixes enganar por alguns homicidas e suicidas.
O bem é maioria, mas não se percebe porque é silencioso. Uma bomba faz mais barulho
que uma caricia, porém, para cada bomba que destrói há milhões de carícias
que alimentam a vida. Vale a pena, não é mesmo?.
Se Deus possuisse uma geladeira, teria a tua foto pregada nela. Se ele possuisse
uma carteira, tua foto estaria nela. Ele te envia flores a cada pimavera. Ele te envia
um amanhecer a cada manhã.  Cada vez que desejas falar, Ele te escuta.  Ele poderia
viver em qualquer ponto do Universo, mas escolheu o teu coração.  Encara, amigo,
Ele está louco por ti!
Deus não te prometeu dias sem dor, riso sem tristeza, sol sem chuva, porém Ele prometeu
força para cada dia, consolo para as lágrimas, e luz para o caminho.
“Quando a vida te trouxer mil razões para chorar, mostra que tens mil
e uma razões para sorrir”

Facundo Cabral

Alegria…

Um rosto feliz é sinal de um coração realizado…

Ódio…

“O amor acrescenta-nos com o que amarmos.
O ódio diminui-nos.
Se amares o universo, serás do tamanho dele.
Mas quanto mais odiares, mais ficas apenas do teu.
Porque odeias tanto?
Compra uma tabuada. E aprende a fazer contas.”

*Vergílo Ferreira

Solidão…

Finalmente liberadas as gravações que a NASA fez das experiências realizadas com o tenente da Marinha John Smith para testar o comportamento humano em condições de completo isolamento durante longos períodos de tempo, iguais ao que o homem terá que enfrentar na exploração do espaço. O tenente Smith foi escolhido pelas suas perfeitas condições físicas e mentais. Foi colocado dentro de um simulador de vôo com comida bastante para dois anos e os instrumentos que normalmente levaria numa missão, inclusive um computador. Todos os dias Smith teria que fazer um relatório verbal para que seu estado fosse avaliado. O que segue são trechos das gravações feitas dos seus relatórios.
Primeiro dia. “Meu nome é John Smith. Estou ótimo. Passei todo o dia me familiarizando com este meu pequeno lar. Já desafiei o computador para uma partida de xadrez. Acho que nos daremos muito bem. (Risadas.) Só tenho uma queixa: esta comida em bisnagas não se parece nada com a comida de mamãe… (Risadas.) Dois mais dois são quatro. Encerro”.    Uma semana depois. “John Smith aqui. Continuo muito bem. Ainda não consegui vencer nenhuma partida de xadrez deste computador. Acho que ele está trapaceando. (Risadas.) Três vezes três é nove. Encerro”.
Um mês depois. “(Risadas.) Meu nome é John maldito Smith. Tudo bem. Um pouco entediado, mas tudo bem. Consegui finalmente ganhar uma do computador, embora ele negue. Vou ter que derrotá-lo de novo para convencer este cretino. Calculei mal e já comi todas as bisnagas de torta de maçã. Agora só tem maldito limão. Dois vezes três são, deixa ver. Seis. Quer dizer… Não. Está certo. Seis. Encerro”.
Dois meses depois. “Vocês sabem quem eu sou. John qualquer coisa. Não agüento mais a arrogância deste computador. Ele não é humano! Insiste que me deu xeque-mates inexistentes e se recusa a admitir que está errado. Tivemos uma briga feia hoje. Dois mais dois são… sei lá. Encerro”.
Quatro meses. “Alô. Tenho provas irrefutáveis de que o computador está tentando boicotar esta missão! Ouvi claramente ele dizer alguma coisa desagradável sobre mamãe. Canta Strangers in the Night em falsete e não me deixa dormir. Não me responsabilizo pelo que possa acontecer. Estou muito bem, lúcido e bem disposto. Com licença que estão batendo na porta”.
Sexto mês. “Meu nome é Smith. Maggie Smith. Por hoje é só”. Oitavo mês. “(Risadas)” Nono mês. “Smith aqui. Aconteceu o inevitável. Matei o computador. Estávamos com um problema, onde colocar as bisnagas vazias, e ele fez uma sugestão deselegante. Agora está morto. Não tenho remorsos. Ontem recebi a visita de um vendedor de enciclopédias. Não sei como ele conseguiu entrar aqui. Dois mais dois geralmente é nove. Encerro”.
Décimo mês. “Meu nome é Brown ou Taylor. Um mais um é umum. Dois mais dois, não. Iniciei um projeto importantíssimo. Com as bisnagas vazias e partes do computador, estou construindo uma mulher”.
Um ano. “Redford aqui. Sinto falta de um espelho para poder ver a minha barba, que está bem comprida. A mulher que fiz de bisnagas vazias e partes do falecido computador ficou ótima mas, infelizmente, nossos gênios não combinavam. Ela foi para casa de seus pais. Dois mais dois…”
Décimo-quarto mês. “Minha barba está tentando boicotar a missão! Faz um estranho barulho eletrônico e várias vezes já tentou me estrangular. Deve ser comunista. Começaram a chegar as enciclopédias que comprei. Tenho jogado xadrez comigo mesmo e ganho sempre”.
Décimo-quinto mês. “Aqui fala Zaratustra. Atenção. Encontrei pegadas humanas dentro da cabine. Estou investigando. Mandarei um relatório depois. Duas vezes três é demais. Encerro”.
No dia seguinte. “Grande notícia. Há outro ser humano dentro da cabine! Seu nome é Smith, John Smith, mas como o encontrei numa terçafeira o chamarei de “Quinta”. Ele não fala, mas joga xadrez como um mestre. (Risadas). Talvez tenha que matá-lo”.
Neste ponto, os cientistas da NASA acharam melhor abrir a cápsula. Encontraram Smith com as mãos em volta do próprio pescoço  gritando: “Trapaceiro! Trapaceiro!”

*Luiz Fernando Veríssimo, no livro Ed Mort e Outras Histórias

Mudanças…

“Saber seguir,
junto com outros sendo
e noutros se prolongando
e contruir o encontro
com as águas grandes
do oceano sem fim.

Mudar em movimento,
mas sem deixar de ser
o mesmo ser que muda.”

*Thiago de Mello, poeta brasileiro, em Como um Rio, do livro Poemas Preferidos pelo Autor e seus Leitores

Navegando…

“Navegue, descubra tesouros, mas não os tire do fundo do mar, o lugar deles é lá. Admire a lua, sonhe com ela, mas não queira trazê-la para a terra.
Curta o sol, se deixe acariciar por ele, mas lembre-se que o seu calor é para todos. Sonhe com as estrelas, apenas sonhe, elas só podem brilhar no céu.
Não tente deter o vento, ele precisa correr por toda parte, ele tem pressa de chegar sabe-se lá onde.
Não apare a chuva, ela quer cair e molhar muitos rostos, não pode molhar só o seu.
As lágrimas? Não as seque, elas precisam correr na minha, na sua, em todas as faces.
O sorriso! Esse você deve segurar, não o deixe ir embora, agarre-o!
Quem você ama? Guarde dentro de um porta jóias!
Quem você ama é a maior jóia de sua vida, a mais valiosa.
Não importa se a estação do ano muda, se o século vira e se o milênio é outro, se a idade aumenta; conserve a vontade de viver, não se chega à parte alguma sem ela.
Abra todas as janelas que encontrar e as portas também.
Persiga um sonho, mas não o deixe viver sozinho.
Alimente sua alma com amor, cure suas feridas com carinho.
Descubra-se todos os dias, deixe-se levar pelas vontades, mas não enlouqueça por elas.
Procure, sempre procure, o fim de uma estória, seja ela qual for.
Dê um sorriso para quem esqueceu como se faz isso.
Acelere seus pensamentos, mas não permita que eles te consumam.
Olhe para o lado, alguém precisa de você.
Abasteça seu coração de fé, não a perca nunca.
Mergulhe de cabeça nos seus desejos e satisfaça-os.
Agonize de dor por um amigo, só saia dessa agonia se conseguir tirá-lo também.
Procure os seus caminhos, mas não magoe ninguém nessa procura.
Arrependa-se, volte atrás, peça perdão!
Não se acostume com o que não o faz feliz, revolte-se quando julgar necessário.
Alague seu coração de esperanças, mas não deixe que ele se afogue nelas.
Se achar que precisa voltar, volte!
Se perceber que precisa seguir, siga!
Se estiver tudo errado, comece novamente.
Se estiver tudo certo, continue.
Se sentir saudades, mate-a!
Se perder um amor, não se perca!
Se achá-lo, segure-o!”

Silvana Duboc

***

“Circunda-te de rosas, ama, bebe e cala. O mais é nada”.

Fernando Pessoa

Cores…

“As pessoas só observam as cores do dia no começo e no fim, mas, para mim, está muito claro que o dia se funde através de uma multidão de matizes e entonações, a cada momento que passa. Uma só hora pode consistir em milhares de cores diferentes. Amarelos céros, azuis borrifados de nuvens. Escuridões enevoadas.

Por isso, faço questão de notá-los”

– Markus Zusak – em “A menina que roubava Livros”

Amigo aprendiz…

Quero ser o teu amigo. Nem demais e nem de menos.
Nem tão longe e nem tão perto.
Na medida mais precisa que eu possa.
Mas amar-te sem medida e ficar na tua vida,
Da maneira mais discreta que eu souber.
Sem tirar-te a liberdade, sem jamais te sufocar.
Sem forçar tua vontade.
Sem falar, quando for hora de calar.
E sem calar, quando for hora de falar.
Nem ausente, nem presente por demais.
Simplesmente, calmamente, ser-te paz.
É bonito ser amigo, mas confesso: é tão difícil aprender!
E por isso eu te suplico paciência.
Vou encher este teu rosto de lembranças,
Dá-me tempo, de acertar nossas distâncias…

Fernando Pessoa – Poema do amigo Aprendiz

I’ve got sunshine
On a cloudy day
When it’s cold outside
I’ve got the month of may
I guess you’ll say
What can make me feel this way
My girl
Talking about my girl

I’ve got so much honey
The bees envy me
I’ve got a sweeter song
Than the birds in the trees
Well i guess you’ll say
What can make me feel this way
My girl
Talking about my girl

I don’t need no money
Fortune or fame
I’ve got all the riches baby
One man can clain
Well i guess you’ll say
What can make me feel this way
My girl
Talking about my girl

I’ve got sunshine on a cloudy day
My girl
I’ve even got the month of may with my girl


My Girl, foi escrita em 1964 por Smokey Robinson e Ronald White e gravada pelo grupo norte-americano The Temptations. A inspiração de Robinson para escrevê-la foi sua esposa Claudette Rogers Robinson. Em 2007  o foi considerada, pelo “New York Daily News”, a mais romântica canção de amor de sempre!

Substituindo…

Preciso habituar-me
a substituir-te
pelo vento,
que está em toda a parte
e cuja direcção
é igualmente passageira
e verídica.

Preciso habituar-me
ao eco dos teus passos
numa casa deserta,
ao trémulo vigor de todos os teus gestos
invisíveis,
à canção que tu cantas e que mais ninguém ouve
a não ser eu.

Raul de Carvalho

A Newsweek , montou uma lista dos melhores livros de todos os tempos baseada em várias listas, publicado originalmente em 29 de junho de 2009.   http://www.newsweek.com

Veja a lista da Newsweek dos melhores livros de todos os tempos:

1. Guerra e Paz, Lev Tolstoi, 1869

2. 1984, George Orwell, 1949

3. Ulisses, James Joyce, 1922

4. Lolita, Vladimir Nabokov, 1955

5. O Som e a Fúria, William Faulkner, 1929

6. O Homem Invisível, Ralph Ellison, 1952

7. Rumo ao Farol, Virginia Woolf, 1927

8. Ilíada e Odisséia, Homero, século VIII a.c.

9. Orgulho e Preconceito, Jane Austen, 1813

10. A Divina Comédia, Dante Alighieri, 1321

11. Os Contos de Cantuária, Geoffrey Chaucer, século XV

12. As Viagens de Gulliver, Jonathan Swift, 1726

13. A Vida Era Assim em Middlemarch, George Eliot, 1874

14. Quando Tudo se Desmorona, Chinua Achebe, 1958

15. O Apanhador  no Campo de Centeio, J. D. Salinger, 1951

16. E Tudo o Vento Levou, Margaret Mitchell, 1936

17. Cem Anos de Solidão, Gabriel García Márquez, 1967

18. O Grande Gatsby, Scott Fitzgerald, 1925

19. Catch 22, Joseph Heller, 1961

20. Beloved, Toni Morrison, 1987

21. As Vinhas da Ira, John Steinbeck, 1939

22. Os Filhos da Meia-Noite, Salman Rushdie, 1981

23. Admirável Mundo Novo, Aldous Huxley, 1932

24. Mrs. Dalloway, Virgínia Woolf, 1925

25. O Filho Nativo, Richard Wright, 1940

26. Da Democracia na América, Alexis de Tocqueville, 1835

27. A Origem das Espécies, Charles Darwin, 1859

28. Histórias, Heródoto, 440 a.c.

29. O Contrato Social, Jean-Jacques Rosseau, 1762

30. O Capital, Karl Marx, 1867

31. O Príncipe, Nicolau Maquiavel, 1532

32. Confissões, Santo Agostinho, século IV

33. Leviatã, Thomas Hobbes, 1651

34. História da Guerra do Peloponeso, Tucídides, 431 a.c.

35. O Senhor dos Anéis, J.R.R. Tolkien, 1954

36. Winnie The Pooh, A. A. Milne, 1926

37. O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa, C. S. Lewis, 1950

38. Passagem para a Índia, E. M. Forster, 1924

39. Pela Estrada Fora, Jack Kerouac, 1957

40. Por Favor Não Matem a Cotovia, Harper Lee, 1960

41. A Bíblia Sagrada

42. Laranja Mecânica, Anthony Burgess, 1962

43. Luz em Agosto, William Faulkner, 1932

44. As Almas da Gente Negra, W. E. B. Du Bois, 1903

45. Vasto Mar de Sargaços, Jean Rhys, 1966

46. Madame Bovary, Gustave Flaubert, 1857

47. O Paraíso Perdido, John Milton, 1667

48. Anna Karenina, Lev Tolstoi, 1877

49. Hamlet, William Shakespeare, 1603

50. Rei Lear, William Shakespeare, 1608

51. Otelo, William Shakespeare, 1622

52. Sonetos, William Shakespeare, 1609

53. Folhas de Erva, Walt Whitman, 1855

54. As Aventuras de Huckleberry Finn, Mark Twain, 1885

55. Kim, Rudyard Kipling, 1901

56. Frankenstein, Mary Shelley, 1818

57. Song of Solomon, Toni Morrison, 1977

58. Voando Sobre um Ninho de Cucos, Ken Kesey, 1962

59. Por Quem os Sinos Dobram, Ernest Hemingway, 1940

60. Matadouro Cinco, Kurt Vonnegut, 1969

61. O Triunfo dos Porcos, George Orwell, 1945

62. O Deus das Moscas, William Golding, 1954

63. A Sangue Frio, Truman Capote, 1965

64. O Caderno Dourado, Doris Lessing, 1962

65. Em Busca do Tempo Perdido, Marcel Proust, 1913

66. À Beira do Abismo, Raymond Chandler, 1939

67. Na Minha Morte, William Faulkner, 1930

68. O Sol Nasce Sempre (Fiesta), Ernest Hemingway, 1926

69. Eu, Cláudio, Robert Graves, 1934

70. Coração, Solitário Caçador, Carson McCullers, 1940

71. Filhos e Amantes, D. H. Lawrence, 1913

72. All The King’s Men, Robert Penn Warren, 1946

73. Go Tell It on The Mountain, James Baldwin, 1953

74. A Menina e o Porquinho, E. B. White, 1952

75. O Coração das Trevas, Joseph Conrad, 1902

76. Noite, Elie Wiesel, 1958

77. Corre, Coelho, John Updike, 1960

78. A Idade da Inocência, Edith Wharton, 1920

79. O Complexo de Portnoy, Philip Roth, 1969

80. Uma Tragédia Americana, Theodore Dreiser, 1925

81. O Dia dos Gafanhotos, Nathanael West, 1939

82. Trópico de Câncer, Henry Miller, 1934

83. O Falcão de Malta, Dashiell Hammett, 1930

84. Mundos Paralelos, Philip Pullman, 1995

85. Death Comes for the Archbishop, Willa Cather, 1927

86. A Interpretação dos Sonhos, Sigmund Freud, 1900

87. A Educação de Henry Adams, Henry Adams, 1918

88. O Livro Vermelho, Mao Tsé Tung, 1964

89. As Variedades da Experiência Religiosa, William James, 1902

90. Reviver o Passado em Brideshead, Evelyn Waugh, 1945

91. A Primavera Silenciosa, Rachel Carson, 1962

92. A Teoria Geral do Emprego, do Juro e da Moeda, John M. Keynes, 1936

93. Lord Jim, Joseph Conrad, 1900

94. Goodbye to All That, Robert Graves, 1929

95. A Sociedade da Abundância, John Kenneth Galbraith, 1958

96. O Vento nos Salgueiros, Kenneth Grahame, 1908

97. A Autobiografia de Malcolm X, Alex Haley e Malcolm X, 1965

98. Eminent Victorians, Lytton Strachey, 1918

99. A Cor Púrpura, Alice Walker, 1982

100. Memórias da Segunda Guerra Mundial, Winston Churchill, 1948

Saudade…

“…Saudade é um pouco como fome.
Só passa quando se come a presença.
Mas às vezes a saudade é tão profunda
que a presença é pouco:
quer-se absorver a outra pessoa toda.
Essa vontade de um ser o outro para uma unificação
inteira é um dos sentimentos mais urgentes que se tem na vida…”

 

 

Clarice Lispector, Crônica retirada do livro “A Descoberta do Mundo”

chamas…

4622arvore

“A vida é um incêndio:

nela dançamos salamandras mágicas.

Que importa restarem cinzas

se a chama foi bela e alta?

em meio aos toros que desabam,

Cantemos a canção das chamas!!

Cantemos a canção da vida,

na própria luz consumida…”


(Mario Quintana)

vem chegando a primavera…

primavera

“Quando a primavera chegava, mesmo que se tratasse de uma falsa primavera, nossos problemas desapareciam, exceto o de saber onde se poderia ser mais feliz. A única coisa capaz de nos estragar um dia eram pessoas, mas se se pudesse evitar encontros, os dias não tinham limites. As pessoas eram sempre limitadoras da felicidade, exceto aquelas poucas que eram tão boas quanto a própria primavera.”

Ernest Hemingway, em “Paris é uma Festa

Pablo Picasso…

pablo-picasso-Reading-1932Pablo Picasso [ Woman Reading ] 1932

“Desperta teus sentidos
para que não percas
tudo de belo e formoso
que te cercas.
Apaga a cinza de tua vida
e acenda as cores
que carrega dentro de ti.”
(Pablo Picasso)

Reflexo…

reflexo

“Se sou amado,

quanto mais amado

mais correspondo ao amor.

Se sou esquecido,

devo esquecer também,

pois amor é feito espelho: tem que ter reflexo!”

Pablo Neruda

love

Show me, show me, show me
How you do that trick
“The one that makes me scream,” she said
“The one that makes me laugh,” she said
And threw her arms around my neck
Show me how you do it
And I promise you, I promise that
I’ll run away with you
I’ll run away with you

Spinning on that dizzy edge
I kissed her face, I kissed her head
And dreamed of all the different ways
I had to make her glow
“Why are you so far away,” she said
“Why won’t you ever know that I’m in love with you,
That I’m in love with you?”

You… soft and only
You… lost and lonely
You… strange as angels
Dancing in the deepest oceans
Twisting in the water, you’re just like a dream
Just like I have a dream

Daylight whipped me into shape
I must have been asleep for days
And moving lips to breathe her name
I open up my eyes
I find myself alone, alone, alone
Above a raging sea
That stole the only girl I loved
And drowned her deep inside of me.

You… soft and only
You… lost and lonely
You… just like heaven

Just Like heaven – The Cure

Sê…

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“Se não puderes ser um pinheiro, no topo de uma colina,
Sê um arbusto no vale mas sê
O melhor arbusto à margem do regato.
Sê um ramo, se não puderes ser uma árvore.
Se não puderes ser um ramo, sê um pouco de relva
E dá alegria a algum caminho.

Se não puderes ser uma estrada,
Sê apenas uma senda,
Se não puderes ser o Sol, sê uma estrela.
Não é pelo tamanho que terás êxito ou fracasso…
Mas sê o melhor no que quer que sejas.”

Pablo Neruda

Quero-te…

Quero-te como quero em todas as manhãs
O vento frio penetrando em meu quarto
E despertando-me em sensação de saudade.
Quero-te como quero um jardim constante
Exalando do meus poros
O odor da vida e da perpetuidade.
Quero-te como o impossível preso em minhas mãos
Para fazer de ti o motivo eterno de meus sonhos.
Quero-te como quem quer somente pra si,
O abraço maior de todas as emoções
Quero-te, assim, acordando-me sempre
Deste meu sonho em sua breve chegada.

*Gilberto Vaz de Melo*

Sobre a distância…

gaivota2

Há muito tempo, Rae Hansen, uma menina às vésperas de seus cinco anos, convida o amigo Richard Bach para sua festa de aniversário. Confiante, ela o espera, apesar de saber que sua casa ficava além dos desertos, tempestades e montanhas…
Como Richard Bach chega até lá e o presente que ele lhe dá são narrados nessa história mágica.
Este clássico continua a inspirar as relações de amizade que não mais dependem de tempo nem espaço. Quem já voou nas asas da gaivota encontrará aqui muitos pensamentos para compartilhar “até que finalmente acabará descobrindo que não precisa do anel nem de pássaro para voar sozinho acima da quietude das nuvens” e “que as únicas coisas que importam são as feitas de verdade e alegria”.

Segue abaixo
um resumo dessa história…
“- Rae! Obrigado por me convidar para a sua festa de aniversário!”
Sua casa fica a mil quilômetros da minha e viajo apenas pela melhor das razões. E uma festa para Rae é a melhor e estou ansioso para estar ao seu lado.
Começo a viagem no coração do Beija-Flor, que há tanto tempo você e eu conhecemos. Ele se mostrou amigo como sempre, mas ficou espantado quando lhe disse que a pequena Rae estava crescendo e que eu estava indo à sua festa de aniversário, levando um presente.
Voamos algum tempo em silêncio, até que finalmente ele disse:
– Não entendo muito bem o que você falou, mas o que menos entendo é o fato de estar “indo” a uma festa.
– Claro que estou indo à festa. – respondi. – O que há de tão difícil de se compreender nisso?
Ele ficou calado e só voltou a falar quando chegamos à casa da coruja:
– Podem os quilômetros separar-nos realmente dos amigos? Se quer estar com Rae, já não está lá?
– A pequena Rae está crescendo e estou indo à sua festa de aniversário com um presente. – falei para a coruja. Parecia estranho dizer “indo” depois da conversa com Beija-Flor, mas falei assim mesmo para que Coruja compreendesse.
Ela voou em silêncio pôr um longo tempo.
Era um silêncio amistoso, mas Coruja disse ao me deixar em segurança na casa da águia:
– Não entendo muito bem o que você falou, mas o que menos entendo é ter chamado sua amiga de “pequena”.
– Claro que ela é pequena, porque não é crescida – respondi. – O que há de tão difícil de se compreender nisso?
Coruja fitou-me com os olhos profundos, cor de âmbar, sorriu e disse:
– Pense a respeito.
– A pequena Rae está crescendo e estou indo à sua festa de aniversário com um presente. – falei para águia. Parecia estranho falar agora “indo” e “pequena”, depois das conversas com Beija-Flor e Coruja, mas falei assim mesmo para que águia compreendesse.
Voamos juntos sobre as montanhas, subindo nos ventos das montanhas.
E águia finalmente disse :
– Não entendo muito bem o que você falou, mas o que menos entendo é essa palavra “aniversário”.
– Claro que é aniversário. – respondi. – Vamos comemorar a hora que Rae começou e antes da qual ela não era. O que há de tão difícil de se compreender nisso?
águia curvou as asas para a descida e foi pousar suavemente sobre a areia do deserto.
– Um tempo antes de Rae começar? Não acha que é mais a vida de Rae que começou antes que o tempo existisse?
– A pequena Rae está crescendo e estou indo à sua festa de aniversário com um presente. – falei para Gavião. Parecia estranho falar “indo”, “pequena” e “aniversário”, depois das conversas com Beija-Flor, Coruja e águia, mas falei assim mesmo para que Gavião compreendesse.
O deserto se estendia interminavelmente lá embaixo e ele finalmente disse:
– Não entendo muito bem o que você falou, mas o que menos entendo é “crescendo”.
– Claro que ela está crescendo – respondi. – Rae está mais perto de ser adulta, mais longe de ser criança. O que há de tão difícil de se compreender nisso?
Gavião pousou finalmente numa praia deserta.
– Mais um ano longe de ser criança? Isso não me parece ser o mesmo que crescer.
E Gavião alçou vôo e foi embora.
Eu conhecia o bom senso de Gaivota. Voamos juntos, pensei com muito cuidado e escolhi as palavras, a fim de que, ao falar, Gaivota soubesse que eu estava aprendendo:
– Gaivota, por que está me levando a voar para ver Rae, quando na verdade sabe que estou com ela?
Gaivota sobrevoou o mar, as colinas, as ruas e pousou suavemente em seu telhado e disse:
– Porque o importante é você saber a verdade. Até saber, até realmente compreender, só pode demonstrá-la em coisas menores, com ajuda externa, de máquinas e pessoas e pássaros. Mas deve se lembrar sempre que não saber não impede a verdade de ser verdadeira.
E Gaivota se foi.
E agora é chegado o momento de abrir o seu presente. Presentes de lata e vidro amassam e quebram num dia, somem para sempre. Mas eu tenho um presente melhor para você.
é um anel para você usar. Cintila com uma luz especial e não pode ser tirado por ninguém, não pode ser destruído. Somente você, no mundo inteiro, pode ver o anel que lhe dou hoje, como fui o único que pude vê-lo quando era meu.
O anel lhe dá um novo poder. Usando-o, você pode alçar vôo nas asas de todos os pássaros que voam.
Pode ver através dos olhos dourados deles, pode tocar o vento que passa pôr suas penas macias, pode conhecer a alegria de se elevar muito acima do mundo e suas preocupações. Pode permanecer no céu pôr tanto tempo quanto quiser, através da noite, pelo descer do sol; e quando sentir vontade de outra vez descer, suas perguntas terão respostas, suas preocupações terão acabado.
Como tudo o que não pode ser tocado com a mão nem visto com o olho, seu presente se torna mais forte à medida que o usa.
A princípio, pode usá-lo apenas quando está fora de casa, contemplando o pássaro com quem você voa.
Mais tarde, porém, se usá-lo bem, vai funcionar com pássaros que não pode ver, até que finalmente acabará descobrindo que não precisa do anel nem de pássaro para voar sozinho acima da quietude das nuvens.
E quando esse dia chegar, deve dar seu presente a alguém que saiba que irá usá-lo bem, alguém que possa aprender que as coisas que importam são as feitas de verdade e alegria, não as de lata e vidro.
Rae, este é o último dia especial de comemoração a cada ano que estarei com você, tendo aprendido com os nossos amigos, os pássaros.
Não posso ir ao seu encontro porque já estou com você.
Você não é pequena porque já é crescida, brincando entre suas vidas como todos fazemos, pelo prazer de viver.
Você não tem aniversário porque sempre viveu; nunca jamais haverá de morrer. Não é a filha das pessoas a quem chama de mãe e pai, mas a companheira de aventuras delas na jornada maravilhosa para compreender as coisas que são.
Cada presente de um amigo é um desejo de felicidade.
é o caso do anel.
Voe livre e feliz além de aniversários e através do sempre. Haveremos de nos encontrar outra vez, sempre que desejarmos, no meio da única comemoração que não pode jamais terminar.

– Richard Bach, em “Longe é um lugar que não existe”.

Dia chuvoso…

dia chuvoso

“Há dias em que a melancolia chove dentro de nós como num pátio
interior, atapetado de jornais velhos. Não se ouve, não se sente – mas rebrilha na sujidade densa. Eu estava num desses dias quando afastei a cortina e olhei pela janela a tarde que se ofuscara de repente, com pressa de se evadir da atmosfera enfastiada e, sobretudo, de um cenário sem alegria

(…) Mas em fechando a cortina tudo isso desaparecia: eis-me de novo isolado no gabinete fofo, de paredes que, a partir de certo momento, me davam a sensação irrespirável de uma espessura acolchoada onde tudo ficava retido: a fadiga, o silêncio.”

Fernando Namora, em “Retalhos da Vida de Um Médico”

Você…

dos amores

“Dos amores que eu tive
só você conseguiu se tornar
aquela coisa querida, sonhada, esperada
que não queria chegar

dos amores que eu tive
só você conseguiu preencher
certos vazios que eu tinha
de umas simples coisinhas
que um grande amor deve ter

em você encontrei a verdade
de um amor sem vaidade
de um amor sem paixão
encontrei em você neste mundo
algo belo e profundo
para o meu coração

não duvide, meu bem
deste amor que lhe dou

acredite, meu bem
pois o tempo parou
pra me dar a certeza
da paz da beleza
de amar a você

dos amores que eu tive na vida
só você, querida
tem razão de ser”

Gilberto Gil

misterio_mar

“A verdade de outra pessoa não está no que ela te revela, mas naquilo que não pode revelar-te. Portanto, se quiseres compreendê-la, não escute o que ela diz, mas antes, o que ela não diz”.

Kahlil Gibran

Para o dia dos namorados

Trouble

Quem não tem namorado é alguém que tirou férias de si mesmo. Namorado é a mais difícil das conquistas. Difícil porque namorado de verdade é muito raro. Necessita de adivinhação, de pele, de saliva, de lágrima, nuvem, quindim, brisa ou filosofia. Paquera, gabiriu, flerte, caso, transa, envolvimento, até paixão é fácil. Mas namorado mesmo, é muito difícil. Namorado não precisa ser o mais bonito, mas aquele a quem se quer proteger e quando se chega ao lado dele a gente treme, sua frio e quase desmaia pedindo proteção. A proteção não precisa ser parruda, decidida, ou bandoleira; basta um olhar de compreensão ou mesmo aflição. Quem não tem namorado não é quem não tem amor: é quem não sabe o gosto de namorar. Se você tem três pretendentes, dois paqueras, um envolvimento, e dois amantes, mesmo assim não pode ter namorado. Não tem namorado quem não sabe o gosto da chuva, cinema, sessão das duas, medo do pai, sanduíche de padaria ou drible no trabalho. Não tem namorado quem transa sem carinho, quem se acaricia sem vontade de virar sorvete ou largatixa e quem ama sem alegria. Não tem namorado quem faz pactos de amor apenas com a infelicidade. Namorar é fazer pactos de amor com a felicidade ainda que rápida, escondida, fugidia ou impossível de durar. Não tem namorado quem não sabe o valor de mãos dadas; de carinho escondido na hora em que passa o filme; de flor catada no muro e entregue de repente, de poesia de Fernando Pessoa, Vinícius de Moraes ou Chico Buarque lida bem devagar; de gargalhada quando fala junto ou descobre a meia rasgada; de ânsia enorme de viajar junto para a Escócia ou mesmo de metrô, bonde, nuvem, cavalo alado, tapete mágico ou foguete interplanetário. Não tem namorado quem não gosta de falar do próprio amor, nem de ficar horas e horas olhando o mistério do outro dentro dos olhos dele, abobalhados de alegria pela lucidez do amor. Não tem namorado quem não redescobre a criança própria e a do amado e sai com ela para parques, fliperamas, beira d’água, show do Milton Nascimento, bosques enluarados, ruas de sonhos ou musical da Metro. Não tem namorado quem não tem música secreta com ele, quem não dedica livros, quem não recorta artigos, quem não chateia com o fato de o seu bem ser paquerado. Não tem namorado quem ama sem gostar; quem gosta sem curtir; quem curte sem aprofundar. Não tem namorado quem nunca sentiu o gosto de ser lembrado de repente no fim de semana, na madrugada ou meio-dia de sol em plena praia cheia de rivais. Não tem namorado quem ama sem se dedicar; quem namora sem brincar; quem vive cheio de obrigações; quem faz sexo sem esperar o outro ir junto com ele. Não tem namorado quem confunde solidão com ficar sozinho e em paz. Não tem namorado quem não fala sozinho, não ri de si mesmo e quem tem medo de ser afetivo. Se você não tem namorado porque não descobriu que o amor é alegre e você vive pesando duzentos quilos de grilo e medo, ponha a saia mais leve, aquela de chita e passeie de mãos dadas com o ar. Enfeite-se com margaridas e ternuras e escove a alma com leves fricções de esperança. De alma escovada e coração estouvado, saia do quintal de si mesmo e descubra o próprio jardim. Acorde com gosto de caqui e sorria lírios para quem passe debaixo de sua janela. Ponha intenções de quermesse em seus olhos e beba licor de contos de fada. Ande como se o chão estivesse repleto de sons de flauta e do céu descesse uma névoa de borboletas, cada qual trazendo uma pérola falante a dizer frases sutis e palavras de galantearia. Se você não tem namorado porque ainda não enlouqueceu aquele pouquinho necessário a fazer a vida passar e de repente parecer que tudo faz sentido: Enlou-creça

Carlos Drumond de Andrade

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“Eu sou o oceano
atlético e atlântico
pacífico e romântico (…)

Sou índico infinito
indicado pro amor.
Eu sei, eu sal, eu sou”

Gabriel o Pensador, no livro “Diário noturno”

Afeições…

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“O amor não é cego.
Vê sempre as pessoas queridas tais quais são e as conhece,
na intimidade,
mais do que os outros.

Exatamente por dedicar-lhes imenso carinho,
recusa-se a registrar-lhes os possíveis defeitos,
porquanto sabe amá-las
mesmo assim.”

Emmanuel

Destino…

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“O destino costuma estar ao virar da esquina. Como se fosse um gatuno, uma rameira ou um vendedor de lotaria: as suas três encarnações mais batidas. Mas o que não faz é visitas ao domicílio. É preciso ir atrás dele.”

Carlos Ruiz Zafón em “A Sombra do Vento”

Poder da leitura…

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Um dia abri um livro e toda a minha vida mudou.
Desde a primeira página, sofri com tanta força o poder do livro
que senti o meu corpo apartado da cadeira e da mesa a que me sentava.

Orhan Pamuk, em “A Vida Nova”

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Esta formação rochosa parece pintura, mas é obra de milhões de
anos de erosão e sedimentação nas dunas do Arizona, publicada pelo site ‘chilloutpoint.com’.

Dia sagrado…

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Oh Heavenly day
All the clouds blew away
Got no trouble today
With anyone

The smile on your face
I live only to see
It’s enough for me baby
It’s enough for me
Oh heavenly day
Heavenly day
Heavenly day

Tomorrow may rain with sorrow
Here’s a little time we can borrow
Forget all our troubles in these moments so few
Oh we can right now the only thing that all that we really have to do
Is have ourselves a heavenly day
Lay here and watch the trees sway
Oh can’t see no other way
No way
No way
Heavenly day heavenly day heavenly day

No one on my shoulder
Bringing me fears
Got no clouds up above me
Bringing me tears
Got nothing to tell you
I got nothing much to say
Only I’m glad to be here with you
On this heavenly heavenly heavenly heavenly heavenly day
Oh all the troubles gone away
Oh for awhile anyway
For awhile anyway
Oh heavenly day

Heavenly Day – Patty Griffin

Ama, sempre…

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Não te canses de amar.

É possível que a resposta do amor não te chegue imediatamente. Talvez te causem surpresa as reações que propicia. É possível que as haja desencorajadoras.

Sucede que, desacostumadas aos sentimentos puros, as pessoas reagem por mecanismos de autodefesa.

Insistindo, porém, conseguirás demonstrar a excelência desse sentimento sem limite e mimetizarás aqueles a quem amas, recebendo de volta a bênção de que se reveste.

Ama, portanto, sempre.

Joanna de Ângellis, no livro Vida Feliz

Perfume…

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“Há uma força persuasiva no perfume que é mais convincente do que as palavras, do que a aparência visual, do que o sentimento e a vontade.

A força do perfume é irresistível, penetra dentro de nós como o ar nos pulmões, enche-nos de tal forma e tão completamente, que não existe nenhuma forma de defesa contra ela!”

*

Perfume, Patrick Süskind

sonho

“De sonhar ninguém se cansa, 

porque sonhar é esquecer, 

e esquecer não pesa 

e é um sono sem sonhos em que estamos despertos.” 

*

– Fernando Pessoa – 

 Livro do Desassossego

Sempre aqui…

“Na hora de pôr a mesa, éramos cinco: o meu pai, a minha mãe, as minhas irmãs e eu. Depois, a minha irmã mais velha casou-se. Depois a minha irmã mais nova casou-se. Depois o meu pai morreu. Hoje, na hora de pôr a mesa, somos cinco ,menos a minha irmã mais velha que está na casa dela, menos a minha irmã mais nova que está na casa dela, menos o meu pai, menos a minha mãe viúva. Cada um deles é um lugar vazio nesta mesa onde como sozinho. Mas, irão estar sempre aqui. Na hora de pôr a mesa, seremos sempre cinco. Enquanto um de nós estiver vivo, seremos sempre cinco.”

José Luís Peixoto em  “A criança em ruínas”

Ano Novo…

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“O objetivo de um ano novo
não é que nós deveríamos ter um ano novo.
É que nós deveríamos ter uma alma nova.”
(Gilbert Keith Chesterton)

Ambicione ser Feliz!

“Quando você estiver no meio da multidão, quando errar, fracassar e
ninguém o compreender, quando as lágrimas que nunca teve coragem de chorar
escorrerem silenciosamente pelo seu rosto e você sentir que não tem mais
forças para continuar sua jornada, não se desespere!
Pare! Faça uma pausa na sua vida! Não dispare o gatilho da
agressividade e do auto-abandono! Enfrente o seu medo! Faça do seu medo
alimento para sua força. Destrave a sua inteligência, abra as janelas da sua
mente, areje o seu espírito! Não seja um técnico na vida, mas um pequeno
aprendiz. Permita-se ver ensinado pelos outros, aprenda lições dos seus
erros e dificuldades. Liberte-se do cárcere da emoção e dos pensamentos
negativos. Jamais se psicoadapte à sua miséria.
Lembre-se do Mestre da Vida! Ele nos convidou a sermos livres mesmo
diante das turbulências, perdas e fracassos, mesmo sem haver nenhum motivo
aparente para nos alegrarmos. Tenha a mais legítima de todas as ambições:
Ambicione ser FELIZ! Sua emoção vai lhe agradecer”.

Extraído do Livro O Mestre da Vida Jesus, o maior semeador de alegria,
liberdade e esperança – Augusto Cury

Quero!!!

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Quero que todos os dias do ano
todos os dias da vida
de meia em meia hora
de 5 em 5 minutos
me digas: Eu te amo.

Ouvindo-te dizer: Eu te amo,
creio, no momento, que sou amado.
No momento anterior
e no seguinte,
como sabê-lo?
Quero que me repitas até a exaustão
que me amas que me amas que me amas.
Do contrário evapora-se a amação
pois ao não dizer: Eu te amo,
desmentes
apagas
teu amor por mim.
Exijo de ti o perene comunicado.
Não exijo senão isto,
isto sempre, isto cada vez mais.
Quero ser amado por e em tua palavra
nem sei de outra maneira a não ser esta
de reconhecer o dom amoroso,
a perfeita maneira de saber-se amado:
amor na raiz da palavra
e na sua emissão,
amor
saltando da língua nacional,
amor
feito som
vibração espacial.
No momento em que não me dizes:
Eu te amo,
inexoravelmente sei
que deixaste de amar-me,
que nunca me amastes antes.
Se não me disseres urgente repetido
Eu te amoamoamoamoamo,
verdade fulminante que acabas de desentranhar,
eu me precipito no caos,
essa coleção de objetos de não-amor.

 

* Poema de Carlos Drumond  de Andrade

Caminho…

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“Ninguém pode construir em teu lugar as pontes que precisarás passar

para atravessar o rio da vida. Ninguém, exceto tu, só tu.

Existem, por certo, atalhos sem número, e pontes, e semideuses que se oferecerão para levar-te além do rio, mas isso te custaria a tua própria
pessoa: tu te
hipotecarias e te perderias. 
Existe no mundo um único caminho por onde
só tu podes passar. 
Aonde leva? Não perguntes, siga-o!”

Friedrich Nietzsche

Infinito…

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“O amor é esse voejar incerto por um céu de fragilidades errantes. Nunca se sabe onde há mais horizonte aleatório, nem onde existe força para voar no espaço vacilante. Apenas se sente a liberdade de estar preso, e não ser capaz nem querer romper as cadeias de tudo e nada.”

(…)

“Há vidas que duram um momento. E momentos longos como uma vida.

E vidas que o são para sempre. Mesmo depois de mortas. “

Luís Rosa no livro “O amor infinito de Pedro e Inês”

Um conto de Dostoiewski

Como sou um romancista, parece que estou imaginando uma história. Digo parece – e sei perfeitamente que imaginei mesmo; mas tenho certeza de que isso aconteceu, não sei onde nem há quanto tempo; e aconteceu justamente na véspera de Natal, nalguma cidade imensa, num dia de frio assassino.
Era uma vez uma criança num porão, um menino de seis anos, ou menos ainda. O pobrezinho acabava de acordar, tremendo de frio sob os farrapos que o cobriam. Quando respirava, uma baforada branca lhe saía pela boca, e ele, sentado no canto da sala, começou a soprar de propósito, para ver a nuvem se mexer. Isso o distraía, mas preferiria comer. Aproximou-se várias vezes do velho colchão de capim, duro e seco como pão de pobre, onde repousava sua mãe doente, com um saco velho como travesseiro. Como ela viera parar ali? Teria de certo chegado de outra cidade e adoecido. A mulher que lhe alugara o porão havia sido presa há dois dias; os outros inquilinos, saído para festejar o Natal. O único que ficara, um trapeiro, há dois dias curtia a bebedeira com que celebrara de antemão o nascimento de Cristo. No outro canto da sala gemia uma octogenária, antiga pajem de crianças, que morria abandonada; não parava de gemer e se lamentar, praguejando contra o garoto, que não ousava aproximar-se. Ele já tentara acordar a mãe várias vezes e no corredor achara bebida, mas nada para comer. A obscuridade aumentava e ninguém vinha acender o fogo. Apalpou o rosto da mãe e ficou surpreso: estava gelada e rígida como uma estátua. “Está fazendo frio”, pensou com a mão apoiada no ombro da mãe inerte e assoprou o bafo sobre os dedos para aquecê-los. Pegou então o boné e, evitando fazer barulho, saiu tateando na escuridão, pensando apenas no enorme cachorro que ouvira latir o dia todo, até chegar à rua.
Senhor, que grande cidade! Nunca vira nada assim. Onde ele morava as ruas eram escuras, iluminadas por poucos lampiões e as casas de madeira, baixinhas, ficavam todas fechadas; apenas a noite caía não se encontrava mais viva alma, todos ficavam calafetados dentro de casa e só os cachorros, centenas deles, ganiam ao relento. Mas podiam aquecer-se, davam-lhe de comer… enquanto aqui… Meu Deus! Não acharia nada para comer? E que algazarra, que agitação, que claridade, quanta gente, quantos cavalos e carros… e o frio, que frio! A neblina congela em filetes nas narinas dos cavalos que galopam, com as ferraduras batendo forte nas pedras das ruas, por sobre a neve. Os passantes esbarram um nos outros, empurram-se e – Deus do céu – como lhe dói o estômago vazio e os dedinhos expostos ao frio! Um guarda passa junto dele e se vira para fingir que não o via.
Ainda uma rua: como é larga! Não há dúvida que vai ser esmagado. Todo mundo corre, grita, vai e vem. E a claridade, coisa linda! E o que é isso? Ah! Uma grande vidraça, e por detrás dela um quarto com uma árvore que alcança o teto: é um pinheiro, uma árvore de Natal cheia de luzes e miniaturas de bonecas e cavalinhos. Ali correm crianças bem vestidas que riem, brincam, comem e bebem. Uma menina dança com um menino. Como ela é bonita! Ouve-se uma música através da vidraça. O pequeno olha tudo com espanto e feliz, mesmo lhe doendo os dedos das mãos e dos pés, vermelhos e rígidos. Então ele começa a chorar, as dores aumentam e ele corre para outra vidraça, na qual vê outra árvore enfeitada e ainda mesas cobertas de bolos de todos os tipos, de amêndoas, amarelos, vermelhos, que ricas senhoras distribuem aos convidados. A cada instante a porta se abre para receber homens bem vestidos. Ele caminha para a porta e entra para a sala. Então o expulsam, indignados, aos gritos e gestos agressivos. Uma senhora mete-lhe uma moeda na mão enquanto o empurra para a rua. Que medo! A moeda rola pela escada tilintando pois não conseguira segurá-la, com os dedos imobilizados. Ele se põe a caminhar sem destino, com vontade de chorar e depois corre, soprando o bafo nos dedos. Ao sentir-se tão só e abandonado, deprimido, chora. Mas logo se distrai: Senhor, que será? Quanta gente curiosa, parada, olhando atentamente! Através da vidraça, três bonecos em tamanho natural, vestidos de vermelho e verde, parecem vivos. Sentado, um velho toca violino e os outros dois, de pé, tocam violinos menores, todos meneiam as cabeças em cadência, olham entre si, mexem os lábios e devem falar de verdade, só não se ouve por causa do vidro. O menino pensou até que eram pessoas vivas e se pôs a rir quando percebeu que eram bonecos. Nunca vira bonecos assim, nem de ouvir falar. Eram tão engraçados que calaram o seu pranto.
Mas de repente, alguém o puxou por trás. Era um menino grande e ruim que lhe deu um soco na cabeça, fazendo cair o seu boné. Ele rolou pelo chão e algumas pessoas começaram a gritar. Apavorado levantou-se e correu sem saber para onde. Entrou num porão, que dava num pátio e sentou-se atrás de um monte de lenha. “Ao menos aqui ele não vai me encontrar, está escuro demais.”
Encolheu-se todo, sem poder recobrar o fôlego, tanto medo tinha. Subitamente, porque tudo passou num instante, invadiu-o um grande bem estar, as mãos e os pés pararam de doer, e sentiu calor, muito calor, como se estivesse junto de um fogão. Ajeitou-se e logo dormiu. Como era bom dormir ali. “Daqui a pouco vou ver de novo os bonecos”, pensou, sorrindo só de lembrar; “poderia jurar que estavam vivos!” Subitamente pareceu-lhe ouvir sua mãe cantar uma antiga canção. “Mamãe, vou dormir. Ah! Como é bom dormir aqui!”
– Vem comigo, vamos ver a Árvore de Natal, meu filho – murmurou uma voz de rara doçura.
Julgou que fosse sua mãe, mas não é ela. Quem então o chamava? Não vê ninguém, mas alguém se abaixou sobre ele, abraçou-o no escuro. Ele estendeu os braços e… de repente – ah! Como tudo ficou resplandescente! Que maravilhosas árvores de Natal! Mas não é um pinheiro, nunca viu árvore assim. Onde estava? Tudo brilha, tudo reluz, e em toda parte vê bonecas – não, não são bonecas, são meninos e meninas, apenas são luminosas. Envolvem-no, fazem roda em torno dele, beijam-no de passagem, seguram-no, levam-no voando; também ele voa e vê sua mãe e lhe sorri:
– Mamãe! Mamãe! Ah! Como está bom aqui!
Abraça os novos companheiros; queria tanto contar-lhes a história dos bonecos detrás da vidraça… Pergunta-lhes quem são, onde estão, rindo e atirando beijos.
– Não sabes? Esta é a Árvore de Natal do Cristo – responderam-lhe. – Todos os anos, neste dia, há uma árvore assim, que Jesus dá às crianças que não tiveram árvores de Natal na terra…
E soube que todas aquelas crianças haviam sido iguais a ele, mas uns morreram gelados nos cestos em que abandonaram nas portas dos palácios de Petersburgo, outros morreram nos asilos das províncias, ou no próprio seio das mães, durante a fome de Samara, ou asfixiados pelo ar contaminado dos cortiços. Mas agora vivem todos como anjos, com o Cristo, e ele os abençoa, num gesto de ternura que se estende às suas pobres mães… Ei-las todas, ao longe, chorando, olhando para os filhos que passam esvoaçando junto delas, beijam-nas de leve, enxugam-lhes as lágrimas pedindo-lhes que não chorem, pois se acham tão bem…
E lá embaixo, na manhã seguinte, os porteiros descobriram o cadáver de um menino gelado perto de um monte de lenha. Procuraram sua mãe… ela morrera um pouco antes dele. Talvez os dois se tenham encontrado no céu…
Por que terei eu imaginado uma história tão pouco razoável, tão pouco nos moldes de escritor sério! E dizer que eu me propunha a contar fatos reais! Mas a questão é justamente essa, sempre me pareceu que tudo isso poderia acontecer, isto é, a parte do porão e do monte de lenha. Quanto à árvore de Natal de Cristo, não poderei afirmar que exista.
Mas, como sou romancista, posso bem imaginar que sim.

(A ÁRVORE DE NATAL DE CRISTO – Fiodor Dostoiewski)

Fiodor Mikhailovitch Dostoiewski nasceu em Moscou em 1821, filho de médico do Hospital dos Pobres e formou-se pela Escola de Engenharia Militar. Ainda jovem alcançou grande projeção nos meios literários. Foi preso e condenado à morte por conspiração anti-monarquista e teve a pena comutada para exílio na Sibéria, com trabalhos forçados, por cerca de cinco anos. Doente e viciado em jogo teve vida conturbada, mas sempre inspirou-se nas próprias desgraças para escrever suas obras. Sua influência sobre a literatura universal do século XX foi avassaladora; sem ele as pesquisas de Nietzche e Freud não teriam a mesma profundidade. Faleceu em São Petersburgo em 1881.

Obras mais conhecidas:
– Os Pobres Diabos
– O Sósia
– A Hospedeira
– Ninotchka
– Recordação da Casa dos Mortos
– O Jogador
– O Idiota
– Os Demônios
– Os Irmãos Karamazov
– Crime e Castigo

Contigo aprendi…

“Contigo aprendi coisas tão simples como
a forma de convívio com o meu cabelo ralo
e a diversa cor que há nos olhos das pessoas
Só tu me acompanhastes súbitos momentos
quando tudo ruía ao meu redor
e me sentia só e no cabo do mundo
Contigo fui cruel no dia a dia
mais que mulher tu és já a minha única viúva
Não posso dar-te mais do te dou
este molhado olhar de homem que morre
e se comove ao ver-te assim presente tão subitamente”

Ruy Belo

Verdadeiro…

 “Alma
gêmea de minha alma…
flor de luz de minha vida….
Sublime estrela caída…
das belezas da amplidão
Quando eu errava no mundo…
triste e só, no meu caminho,
Chegaste, devagarzinho,
E encheste-me o coração….
Vinhas na bênção das flores
Da divina claridade,
Tecer-me a felicidade
Em sorrisos de esplendor!!!
És meu tesouro infinito,
Juro-te eterna aliança,
Porque sou tua esperança,
Como és todo meu amor!
Alma gêmea de minha alma,
Se eu te perder algum dia…
Serei tua escura agonia,
Da saudade nos seus véus…
Se um dia me abandonares,
Luz terna dos meus amores,
Hei de esperar-te, entre as flores
Da claridade dos céus.”

Emmanuel

Segredo…

“Guardei-me para ti como um segredo
Que eu mesma não desvendei:
Há notas nesta guitarra que não toquei,
Há praias na minha ilha que nem andei.

É preciso que me tomes, além do riso e do olhar,
Naquilo que não conheço e adivinhei;
É preciso que me ensines a canção do que serei
E me cries com teu gesto
Que nem sonhei.”

Guardei-me para ti – Lya Luft

Melhor livro de romance
O filho eterno / Cristovão Tezza / Editora Record
O sol se põe em São Paulo / Bernardo Teixeira de Carvalho / Companhia das Letras
Antonio / Beatriz Bracher / Editora 34
Melhor livro de poesia
O outro lado / Ivan Junqueira / Editora Record
O xadrez e as palavras / Marcus Vinicius Teixeira Quiroga Pereira / Marcus Vinicius Teixeira Quiroga Pereira
Tarde / Paulo Fernando Henriques Britto / Companhia das Letras
Melhor livro de contos e crônicas
Histórias do Rio Negro / Vera do Val / Editora Martins Fontes
A prenda de seu Damaso e outros contos / Jorge Eduardo Pinto Hausen / Jorge Eduardo Pinto Hausen
Fichas de vitrola / Jaime Prado Gouvêa / Editora Record
Melhor livro de reportagem
1808 / Laurentino Gomes / Editora Planeta do Brasil
O massacre / Eric Nepomuceno / Editora Planeta do Brasil
Bar bodega: um crime de imprensa / Carlos Dorneles / Editora Globo
Melhor livro de biografia
Rubem Braga: um cigano fazendeiro do ar / Marco Antonio de Carvalho / Editora Globo
D. Pedro II / José Murilo de Carvalho / Companhia das Letras
O texto ou a vida / Moacyr Scliar / Bertrand Brasil
Melhor livro infantil
Sei por ouvir dizer / Bartolomeu Campos de Queirós / Edelbra
O menino que vendia palavras / Ignácio de Loyola Brandão / Objetiva
Zubair e os labirintos / Jose Roger Soares de Mello / Companhia das Letras
Melhor livro juvenil
O barbeiro e o judeu da prestação contra o sargento da motocicleta / Joel Rufino dos Santos / Editora Moderna
Tão longe…tão perto / Silvana de Menezes / Editora Iê
Mestres da paixão – aprendendo com quem ama o que faz / Domingos Pellegrini / Editora Moderna
Melhor livro de ciências exatas, tecnologia e informática
Introdução à engenharia de produção / Mario Otavio Batalha / Elsevier Editora
Enciclopédia de automática – controle & automação – vol. 1 / Luis Antonio Aguirre / Editora Edgard Blücher
Introdução ao teste de software / Marcio Eduardo Delamaro, José Carlos Maldonado, Mario Jino / Elsevier Editora
Melhor livro de ciências humanas
Mulheres negras do Brasil / Schuma schumaher; Érico Vital Brazil / Senac Rio
Os japoneses / Célia Sakurai / Editora Contexto
História de Minas Gerais – as minas setecentistas – vol. 1 e vol. 2 / Maria Efigênia Lage de Resende e Luiz Carlos Villalta / Autêntica Editora
Melhor livro de ciências naturais e ciências da saúde
Estomatologia-bases do diagnóstico para o clínico geral 1 / Dr. Sergio Kignel / Livraria Santos Editora Comércio e Importação
Dimensões humanas da biosfera-atmosfera da Amazônia / Wanderley Messias da Costa; Bertha K. Becker; Diogenes Salas Alves (orgs.) Editora da Universidade de São Paulo
Por que o bocejo é contagioso?: e outras curiosidades da neurociência no cotidiano / Suzana Herculano-houzel / Jorge Zahar Editor
Melhor livro de direito
Curso de direito tributário e finanças públicas – do fato à norma, da realidade ao conceito jurídico / Eurico Marcos Diniz de Santi / Saraiva S/A Livreiros Editores
Teoria geral dos direitos fundamentais / Dimitri Dimoulis e Leonardo Martins / Editora Revista dos Tribunais
Curso de direito constitucional / Gilmar Ferreira Mendes / Saraiva S/A Livreiros Editores
Melhor livro de arquitetura e urbanismo, fotografia, comunicação e artes
Noticiário geral da photographia paulistana: 1839-1900 / Paulo Cezar Alves Goulart e Ricardo Mendes
Imprensa Oficial do Estado De São Paulo
Rua do lavradio / Eliane Canedo de Freitas Pinheiro / Andrea Jakobsson Estúdio Editorial
Caixa Tunga / Tunga / Cosac Naify
Melhor livro didático e paradidático de ensino fundamental ou médio
O alienista (graphic novel) / Fábio Moon e Gabriel Ba / Agir Editora
Coleção história em projetos – 4 volumes / Conceição Oliveira e Carla Miucci /
Editora Ática
Série (en)cantos do Brasil (caminho das pedras; no coração da Amazônia; faces do sertão) / Shirley Souza, Manuel Filho, Luís Fernando Pereira / Shirley Souza
Melhor tradução
Hipólito e fedra – três tragédias / Joaquim Brasil Fontes / Editora Iluminuras
Beowulf / Erick Ramalho / Tessitura Editora Assessoria e Consultoria
Agamêmnon / Trajano Vieira / Editora Perspectiva
Melhor livro de economia, administração e negócios
Crescimento econômico e distribuição de renda. Prioridades para a ação
Jacques marcovitch (org.) / Editora da Universidade de São Paulo
Os desafios da sustentabilidade / Fernando Almeida / Elsevier Editora
E-desenvolvimento no brasil e no mundo: subsídios e programa e-brasil / Peter Titcomb Knight / Yendis Editora
Melhor livro de teoria/crítica literária
Proust: a violência sutil do riso / Leda Tenório da Motta / Editora Perspectiva
A formação do romance inglês: ensaios teóricos / Sandra Guardini Vasconcelos / Aderaldo & Rothschild Editores
Riso e melancolia / Sergio Paulo Rouanet / Companhia das Letras
Melhor livro de educação, psicologia e psicanálise
História das idéias pedagógicas no Brasil / Dermeval Saviani / Editora Autores Associados
Religião, psicopatologia e saúde mental / Paulo Dalgalarrondo / Artmed Editora
Giramundo e outros brinquedos e brincadeiras dos meninos do Brasil / Renata Meirelles / Editora Terceiro Nome
Melhor ilustração de livro infantil ou juvenil
Toda criança gosta…/ Mariana Massarani / Manati Produções Editoriais
João felizardo – o rei dos negócios / Angela-Lago / Cosac Naify
Poeminha em língua de brincar / Martha Barros / Editora Record
Melhor projeto gráfico
As moedas contam a história do Brasil / Marcelo Aflalo / Magma Cultural e Editora
Roteiro prático de cartografia: da América Portuguesa ao Brasil Império / New Design – Angela Dourado e Bernardo Lessa / Editora UFMG
A fera na selva / Luciana Facchini / Cosac Naify
Melhor capa
Ensaios sobre o medo / Moema Cavalcanti / Editora Senac São Paulo Co-Edição: Edições Sesc São Paulo
Alexandre Herchcovitch (coleção moda brasileira – vol. 1) / Elaine Ramos / Cosac Naify
As moedas contam a História Do Brasil / Marcelo Aflalo / Magma Cultural e Editora Ltda

* O Premio Jabuti é realizado pela Câmara Brasileira do Livro

Sobre a incompletude…

“A maior riqueza do homem
é a sua incompletude.
Nesse ponto sou abastado.
Palavras que me aceitam como sou – eu não aceito.

Não agüento ser apenas um sujeito que abre portas,
que puxa válvulas, que olha o relógio,
que compra pão às 6 horas da tarde,
que vai lá fora, que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.

 

Perdoai
Mas eu preciso ser Outros.
Eu penso renovar o homem usando borboletas
.”

 

Manoel de Barros

Voa…

 

Voa, que há liberdade,
Voa por inteiro,
escuta tua vontade,
Voa em devaneio,
abandona a sanidade,
Voa o vôo do nobre anseio,
e retorna quando der saudade…

Rafael Vecchio

Crianças…


“E uma mulher que acalentava um bebê disse,
– Fale-nos de Crianças…
E ele disse:
– Tuas crianças não são tuas crianças.
Elas são os filhos da Vida que anseia por si.
Elas vieram através de ti mas não de ti,
E a despeito de estarem contigo elas não te pertencem.
Tu podes dar-lhes teu amor mas não teus pensamentos,
Pois elas têm seus próprios pensamentos.
Tu podes hospedar seus corpos mas não sua almas,
Pois suas almas habitam a casa do amanhã,
que tu não podes visitar, mesmo em teus sonhos.
Tu podes empenhar-te para seres como elas, mas não tentes
fazê-las serem como tu,
Pois a vida não caminha para trás nem coabita com o Ontem.
Tu és o arco do qual tuas crianças,
como flechas vivas, são impulsionadas.
Arqueiro vede a marca sobre a trajetória do Infinito,
a Ele te dobra com Seu Poder para que tuas flechas
sigam velozes e para longe.
Deixes que a flexão na mão do arqueiro seja para o
contentamento e a felicidade;
Pois assim como Ele ama a flecha que voa,
Ele ama também o arco que seja firme”

Khalil Gibran, no livro O Profeta – 1923

Mudança…

“Meu Deus, meu Deus! Como tudo é esquisito hoje! E ontem tudo era exatamente como de costume. Será que fui eu que mudei à noite? Deixe-me pensar: eu era a mesma quando me levantei hoje de manhã? Estou quase achando que posso me lembrar de me sentir um pouco diferente. Mas se eu não sou a mesma, a próxima pergunta é: ‘Quem é que eu sou?’. Ah, essa é a grande charada!”

Alice no País das Maravilhas, Lewis Carroll

Origem Feminina

Existem várias lendas sobre a origem da Mulher.
Uma diz que Deus pôs o primeiro homem a dormir, inaugurando assim a anestesia geral, tirou uma de suas costelas e com ela fez a primeira mulher.
E que a primeira provação de Eva foi cuidar de Adão e agüentar o seu mau humor, enquanto ele convalescia da operação.
Uma variante desta lenda diz que Deus, com seu prazo para a Criação estourado, fez o homem às pressas, pensando “Depois eu melhoro”, e mais tarde, com tempo, fez um homem mais bem-acabado, que chamou Mulher, que é “melhor” em aramaico.
Outra lenda diz que Deus fez a mulher primeiro, e caprichou nas suas formas, e aparou aqui e tirou dali, e com o que sobrou fez o homem só para não jogar barro fora.
Zeus teria arrancado a mulher de sua própria cabeça.
Alguns povos nórdicos cultivam o mito da Grande Ursa Olga, origem de todas as mulheres do mundo, o que explica o fato das mulheres se enrolarem periodicamente em pêlos de  animais, cedendo a um incontrolável impulso atávico, nem que seja só para experimentar, na loja, e depois quase desmaiar com o preço.
Em certas tribos nômades do Meio Oriente ainda se acredita que a mulher foi, originariamente, um camelo, que na ânsia de servir seu mestre de todas as maneiras foi se transformando até adquirir sua forma atual.
No Extremo Oriente existe a lenda de que as mulheres caem do céu, já de kimono.
E em certas partes do Ocidente persiste a crença de que mulher se compra através dos classificados, podendo-se escolher idade, cor da pele e tipo de massagem.
Todas estas lendas, claro, têm pouco a ver com a verdade científica. Hoje se sabe que o Homem é o produto de um processo evolutivo que começou com a primeira ameba a sair do mar primevo, e é o descendente direto de uma linha específica de primatas, tendo passado por várias fases até atingir o seu estágio atual e aí encontrar a Mulher, que ninguém ainda sabe de onde veio.
É certamente ridículo pensar que as mulheres também descendem de macacos. A minha mãe, não!
Uma das teses mais aceitáveis sobre o papel da mulher na evolução do homem é a de que o primeiro encontro entre os dois se deu no período paleolítico, quando um homo-sapiens mas não muito, chamado, possivelmente, Ugh, saiu para caçar e avistou, sentado numa pedra, penteando os cabelos, um ser que lhe provocou o seguinte pensamento, em  linguagem de hoje:
”Isso é que é mulher e não aquilo que tenho na caverna”.
Ugh aproximou-se da mulher e, naquele seu jeitão, deu a entender que queria procriar com ela.
”Agh maakgrom grom”, ou coisa parecida. A mulher olhou-o de cima a baixo e desatou a rir.
É preciso lembrar que Ugh, embora fosse até bem apessoado pelos padrões da época, era pouco mais do que um animal aos olhos da mulher. Tinha a testa estreita e as mandíbulas pronunciadas e usava gordura de mamute nos cabelos.
A mulher disse alguma coisa como “Você não se enxerga, não?” e afastou-se, enojada, deixando Ugh desolado. Antes dela desaparecer por completo, Ugh ainda gritou: “Espera uns 10 mil anos pra você ver!”, e de volta à caverna exortou seus companheiros a  aprimorarem o processo evolutivo.
Desde então, o objetivo da evolução do homem foi o de proporcionar um par à altura para a mulher, para que, vendo o casal, ninguém dissesse que ela só saía com ele pelo dinheiro, ou para espantar assaltantes.
Se não fosse por aquele encontro fortuito em alguma planície do mundo primitivo, o homem ainda seria o mesmo troglodita desleixado e sem ambição, interessado apenas em caçar e catar seus piolhos, e um fracasso social.
Mas de onde veio a primeira mulher, já que podemos descartar tanto a evolução quanto as fantasias religiosas e mitológicas sobre a criação?
Inclino-me para a tese da origem extraterrena. A mulher viria (isto é pura especulação, claro) de outro planeta.
Venho observando-as durante anos – inclusive casei com uma, para poder estudá-las mais de perto – e julgo ter colecionado provas irrefutáveis de que elas não são deste mundo. Observei que elas não têm os mesmos instintos que nós, e volta e meia são surpreendidas em devaneio, como que captando ordens de outra galáxia, embora disfarcem e digam que só estavam pensando no jantar. Têm uma lógica completamente diferente da nossa. Ultimamente têm tentado dissimular sua peculiaridade, assumindo atitudes masculinas e
fazendo coisas – como dirigir grandes empresas e xingar a mãe do motorista ao lado – impensáveis há alguns anos, o que só aumenta a suspeita de que se trata de uma estratégia para camuflar nossas diferenças, que estavam começando a dar na vista.
Quando comentamos o fato, nos acusam de ser machistas, presos a preconceitos e incapazes de reconhecer seus direitos, ou então roçam a nossa nuca com o nariz, dizendo coisas como “ioink, ioink” que nos deixam arrepiados e sem argumentos.
Claramente combinaram isto. Estão sempre combinando maneiras novas de impedir que se descubra que são alienígenas e têm desígnios próprios para a nossa terra.
É o que fazem, quando vão, todas juntas, ao banheiro, sabendo que não podemos ir atrás para ouvir.
Muitas vezes, mesmo na nossa presença, falam uma linguagem incompreensível que só elas entendem, obviamente um código para transmitir instruções do Planeta Mãe.
E têm seus golpes baixos. Seus truques covardes. Seus olhos laser, claros ou profundamente escuros, suas bocas.
Meu Deus, algumas até sardas no nariz. Seus seios, aqueles mísseis inteligentes. Aquela curva suave da coxa, quando está chegando no quadril, e a Convenção de Genebra não vê isso!
E as armas químicas – perfumes, loções, cremes. São de uma civilização superior, o que podem nossos tacapes contra os seus exércitos de encantos?
Breve dominarão o mundo. Breve saberemos o que elas querem. Se depois de sair este artigo, eu for encontrado morto com sinais de ter sido carinhosamente asfixiado, como um sorriso, minha tese está certa. Se nada me acontecer, sinal de que a tese está certa, mas elas não temem mais o desmascaramento.
O que elas querem, afinal?
Se a mulher realmente veio ao mundo para inspirar o homem a melhorar e ser digno dela, pode ter chegado à conclusão de que falhou, que este velho guerreiro nunca tomará jeito. Continuaremos a ser mulheres com defeito, uma experiência menor num planeta inferior. O que sugere a possibilidade de que, assim como veio, a mulher está pronta a partir, desiludida conosco.
E se for isso que elas conspiram nos banheiros? A retirada? Seríamos abandonados à nossa própria estupidez. Elas levariam as suas filhas e nos deixariam com caras de Ugh.
Posso ver o fim da nossa espécie. Nossos melhores cientistas abandonando tudo e se dedicando a intermináveis testes com a costela, depois de desistir da mulher sintética. Tentando recriar a mágica da criação.
Uma mulher, qualquer mulher, de qualquer jeito! Prometemos que desta vez não as decepcionaremos! Uma mulher! Como é que se faz uma mulher?

Luís Fernando Veríssimo

Esta manhã, antes do alvorecer, subi numa colina para admirar o céu povoado,
E disse à minha alma: Quando abarcarmos esses mundos e o conhecimento e o prazer que encerram, estaremos finalmente fartos e satisfeitos?
E minha alma disse: Não, uma vez alcançados esses mundos prosseguiremos no caminho.”

Walt Whitman

“Here’s a little song i wrote,
You might want to sing it note for note,
Don’t worry, be happy
In every life we have some trouble,
When you worry you make it double
Don’t worry, be happy
Dont worry be happy now
Aint got no place to lay your head,
Somebody came and took your bed,
Don’t worry, be happy
The landlord say your rent is late,
He may have to litigate,
Dont worry (small laugh) be happy,
Look at me im happy,
Don’t worry, be happy
I give you my phone number,
When your worried, call me,
I make you happy
Don’t worry, be happy
Ain’t got no cash, aint got no style,
Ain’t got no girl to make you smile
But don’t worry, be happy
Cause when you worry, your face will frown,
And that will bring everybody down,
So don’t worry, be happy
Don’t worry, be happy now…
Now there this song i wrote
I hope you you learned it note for note
Like good little children
Listen to what i say
In your life expect some trouble
When you worry you make it double
Dont worry be happy
Be happy now
Don’t worry, don’t worry, don’t do it,
Be happy,put a smile on your face,
Don’t bring everybody down like this
Don’t worry, it will soon pass whatever it is,
Don’t worry, be happy,
I’m not worried”

Don´t Worry be Happy – Composição: Bobby McFerrin

*Robert Nesta Marley, mais conhecido como Bob Marley (Saint Ann, 6 de fevereiro de 1945— Miami, 11 de maio de 1981) foi um cantor, guitarrista e compositor jamaicano, o mais conhecido músico de reggae de todos os tempos, famoso por popularizar o gênero. Grande parte do seu trabalho lidava com os problemas dos pobres e oprimidos. Ele foi chamado de “Charles Wesley dos rastafáris” pela maneira com que divulgava a religião através de suas músicas.

Se eu morrer…

 

“Se eu morrer antes de você, faça-me um favor. Chore o quanto quiser, mas não brigue com Deus por Ele haver me levado. Se não quiser chorar, não chore. Se não conseguir chorar, não se preocupe. Se tiver vontade de rir, ria. Se alguns amigos contarem algum fato a meu respeito, ouça e acrescente sua versão. Se me elogiarem demais, corrija o exagero. Se me criticarem demais, defenda-me. Se me quiserem fazer um santo, só porque morri, mostre que eu tinha um pouco de santo, mas estava longe de ser o santo que me pintam. Se me quiserem fazer um demônio, mostre que eu talvez tivesse um pouco de demônio, mas que a vida inteira eu tentei ser bom e amigo. Se falarem mais de mim do que de Jesus Cristo, chame a atenção deles. Se sentir saudade e quiser falar comigo, fale com Jesus e eu ouvirei. Espero estar com Ele o suficiente para continuar sendo útil a você, lá onde estiver. E se tiver vontade de escrever alguma coisa sobre mim, diga apenas uma frase : ‘ Foi meu amigo, acreditou em mim e me quis mais perto de Deus !’ Aí, então derrame uma lágrima. Eu não estarei presente para enxuga-la, mas não faz mal. Outros amigos farão isso no meu lugar. E, vendo-me bem substituído, irei cuidar de minha nova tarefa no céu. Mas, de vez em quando, dê uma espiadinha na direção de Deus. Você não me verá, mas eu ficaria muito feliz vendo você olhar para Ele. E, quando chegar a sua vez de ir para o Pai, aí, sem nenhum véu a separar a gente, vamos viver, em Deus, a amizade que aqui nos preparou para Ele. Você acredita nessas coisas ? Sim??? Então ore para que nós dois vivamos como quem sabe que vai morrer um dia, e que morramos como quem soube viver direito. Amizade só faz sentido se traz o céu para mais perto da gente, e se inaugura aqui mesmo o seu começo. Eu não vou estranhar o céu . . . Sabe porque ? Porque… Ser seu amigo já é um pedaço dele !”

Vinícius de Moraes

Refletir…

1. Uma pessoa que é boa com você, mas grosseira com o garçom ou empregado,
não pode ser uma boa pessoa.(Esta é muito importante. Preste atenção, nunca falha)
2. As pessoas que querem compartilhar as visões religiosas delas com você,quase nunca querem que você compartilhe as suas com elas.
(Tá cheio de gente querendo te converter!)
3. Ninguém liga se você não sabe dançar. Levante e dance.(Na maioria das vezes quem tá te olhando também não sabe! Tá valendo!)
4. A força mais destrutiva do universo é a fofoca. (Deus deu 24 horas em cada dia para cada um cuidar da sua vida e tem gente que insiste em fazer hora-extra!)
5. Não confunda sua carreira com sua vida.(Aprenda a fazer escolhas!)
6. Jamais, sob quaisquer circunstâncias, tome um remédio para dormir e um laxante na mesma noite. (Quem escreveu deve ter conhecimento de causa!)
7. Se você tivesse que identificar, em uma palavra, a razão pela qual a raça humana ainda não atingiu (e nunca atingirá) todo o seu potencial, essa palavra seria 'reuniões'.(Onde ninguém se entende... Com exceção das reuniões que acontecem nos
botecos.)
8. Há uma linha muito tênue entre 'hobby' e 'doença mental'. (Ouvir música é hobby... No volume máximo às sete da manhã pode ser doença mental!)
9. Seus amigos de verdade amam você de qualquer jeito.(Que bom!!!!!)
10. Lembre-se: nem sempre os profissionais são os melhores. Um amador construiu a Arca. Um grande grupo de profissionais construiu o Titanic. (É Verdade mesmo!!!)

'Guardar ressentimentos é como tomar veneno e esperar que outra pessoa morra 'William Shakespeare

Dez coisas que levei anos para aprender -texto de Luiz Fernando Veríssimo


Gato…

Há dia, sabes, em que gostava de ser como o gato e que me tocasses sem desejar encontrar quaisquer sentimentos a não ser o que se exprime num espreguiçar muito lento – um vago agradecimento? – e que depois me deixasses deitado no sofá sem que nada pudesses levar da minha alma, pois nem saberias o que dela roubar.”

Pedro Paixão em Assinar a pele, conto

“Que bom despertar de manhã
Dar de cara com a vida
Sem pensar se o tempo atrasou
Ou se está de partida
Ser apenas parte de tudo
No compasso do mundo
Ter o coração sempre atento
Compreender…
Que a vida também
Quer brincar de viver !!
Lírios, rouxinóis e as maçãs
Nos abraços do dia
E a felicidade de ser
Uma eterna alegria…”

Paulinho Tapajós e Mu Carvalho

Para analisar

“Um amigo falou-me de um livro que comparava a vida a uma viagem de trem. Uma comparação extremamente interessante, quando bem interpretada.

Isso mesmo, a vida não passa de uma viagem de trem, cheia de embarques e desembarques. Alguns acidentes, surpresas agradáveis em alguns embarques e grandes tristezas em outros.

Quando nascemos, entramos nesse trem e nos deparamos com algumas pessoas que, julgamos, estarão sempre nessa viagem conosco: nossos pais.

Infelizmente, isso não é verdade, pois, em alguma estação eles descerão e nos deixarão órfãos de seu carinho, amizade e companhia insubstituível, mas isso não impede que, durante a viagem, pessoas interessantes e que virão a ser super especiais para nós, embarquem. Chegam nossos irmãos, amigos e amores maravilhosos.

Muitas pessoas tomam esse trem, apenas a passeio, outros encontrarão essa viagem somente tristezas, ainda outros circularão pelo trem, prontos a ajudar a quem precisa.

Muitos descem e deixam saudades eternas, outros tantos passam por ele de uma forma que, quando desocupam seu acento, ninguém nem sequer percebe.

Curioso é constatar que alguns passageiros, que nos são tão caros, acomodam-se em vagões diferentes dos nossos; portanto, somos obrigados a fazer esse trajeto separados deles, o que não impede, é claro, que durante a viagem, atravessemos, com grande dificuldade nosso vagão e cheguemos até eles só que, infelizmente, jamais poderemos sentar ao seu lado, pois já terá alguém ocupando aquele lugar. Não importa, é assim a viagem, cheia de atropelos, sonhos, fantasias, esperas, despedidas. Porém, jamais, retornos.

Façamos essa viagem, então, da melhor maneira possível, tentando nos relacionar bem com todos os passageiros, procurando, em cada um deles, o que tiverem de melhor, lembrando, sempre, que, em algum momento do trajeto, eles poderão fraquejar e, provavelmente, precisaremos entender isso, porque nós também fraquejaremos muitas vezes e, com certeza, haverá alguém que nos entenderá.

O grande mistério, afinal, é que jamais saberemos em qual parada desceremos, muito menos nossos companheiros, nem mesmo aquele que está sentado ao nosso lado.

Eu fico pensando, se, quando descer desse trem, sentirei saudades. Acredito que sim, me separar de alguns amigos que fiz nele será no mínimo dolorido, deixar meus filhos continuarem a viagem sozinhos, com certeza, será muito triste, mas me agarro na esperança que, em algum momento, estarei na estação principal e terei a grande emoção de vê-los chegar com uma bagagem que não tinham quando embarcaram e o que vai me deixar feliz, será pensar que eu colaborei para que ela tenha crescido e se tornado valiosa.

Façamos com que a nossa estada nesse trem seja tranqüila, que tenha valido à pena e que, quando chegar à hora de desembarcarmos, o nosso lugar vazio traga saudades e boas recordações para aqueles que prosseguirem.”

 

*Trem da vida – Silvana Duboc*

Rifa-se…

“Rifa-se um coração cego, surdo e mudo,
mas que incomoda um bocado.
Um verdadeiro caçador de aventuras que ainda
não foi adotado, provavelmente, por se recusar
a cultivar ares selvagens ou racionais,
por não querer perder o estilo.
Oferece-se um coração vadio,
sem raça, sem pedigree.
Um simples coração humano.
Um impulsivo membro de comportamento
até meio ultrapassado.
Um modelo cheio de defeitos que,
mesmo estando fora do mercado,
faz questão de não se modernizar,
mas vez por outra,
constrange o corpo que o domina.
Um velho coração que convence
seu usuário a publicar seus segredos
e a ter a petulância de se aventurar como poeta”


Clarice Lispector

Vai passar…

“Vai passar, tu sabes que vai passar.
Talvez não amanhã, mas dentro de uma semana,
um mês ou dois, quem sabe?
O verão está aí, haverá sol quase todos os dias,
e sempre resta essa coisa chamada ‘impulso vital’.
Pois esse impulso ás vezes cruel,
porque não permite que nenhuma dor insista por muito tempo,
te empurrará quem sabe para o sol,
para o mar, para uma nova estrada qualquer e,
de repente, no meio de uma frase ou de um movimento
te surpreenderás pensando algo assim como
‘estou contente outra vez’.(…)”

Caio Fernando de Abreu

Um no outro…

“Fechei os olhos para não te ver
e a minha boca para não dizer…
E dos meus olhos fechados desceram lágrimas que não enxuguei,
e da minha boca fechada nasceram sussurros
e palavras mudas que te dediquei…

O amor é quando a gente mora um no outro.”

Mario Quintana

Simplicidade…

“A vida é mais simples do que a gente pensa. Basta aceitar o impossível,
dispensar o indispensável e suportar o insuportável.”

Kathleen Norris

Vida…

“De costas para o mundo, para o pó,
para o frágil redemoinho de nostalgias e sonhos
e de efêmeras representações,
esta leve fábrica se levanta
só pelo milagre de haver vencido
o tempo e suas mais recônditas argúcias.”

*Álvaro Mutis (1923), poeta colombiano, autor de Homenagem, do livro Poesias

Bombeiros…



The cry of the city like a siren's song
Wailing over the rooftops the whole night long
Saw a shooting star like a diamond in the sky
Must be someone's soul passing by
These are the streets
Where we used to run where your Papa's from
These are the days
Where you become what you become
These are the streets
Where the story's told
The truth unfolds
Darkness settles in
Shine your light down on me
Lift me up so I can see
Shine your light when you're gone
Give me the strength
To carry on, carry on
Don't wanna be a hero
Just an everyday man
Trying to do the job the very best he can
But now it's like living on borrowed time
Out on the rim, over the line
Always tempting fate like a game of chance
Never wanna stick around to the very last dance
Sometimes I stumble and take a hard fall
Loose(?) hold your grip off the wall
I thought I saw him walking by the side of the road
Maybe trying to find his way home
He's here but not here
He's gone but not gone
Just hope he knows if I get lost

Shine Your Light - Robbie Robertson

O tamanho das pessoas…

“Os tamanhos variam conforme o grau de envolvimento…
Uma pessoa é enorme para você, quando fala do que leu e viveu, quando trata você com carinho e respeito, quando olha nos olhos e sorri destravado.
É pequena para você quando só pensa em si mesma, quando se comporta de uma maneira pouco gentil, quando fracassa justamente no momento em que teria que demonstrar o que há de mais importante entre duas pessoas:
A Amizade,
O Carinho,
O Respeito,
O Zelo,

E até mesmo o Amor.
Uma pessoa é gigante para você quando se interessa pela sua vida, quando busca alternativas para o seu crescimento, quando sonha junto com você. E pequena quando desvia do assunto.
Uma pessoa é grande quando perdoa, quando compreende, quando se coloca no lugar do outro, quando age não de acordo com o que esperam dela, mas de acordo com o que espera de si mesma.
Uma pessoa é pequena quando se deixa reger por comportamentos clichês.
Uma mesma pessoa pode aparentar grandeza ou miudeza dentro de um relacionamento, pode crescer ou decrescer num espaço de poucas semanas.
Uma decepção pode diminuir o tamanho de um amor que parecia ser grande.
Uma ausência pode aumentar o tamanho de um amor que parecia ser ínfimo.
É difícil conviver com esta elasticidade: as pessoas se agigantam e se encolhem aos nossos olhos. Nosso julgamento é feito não através de centímetros e metros, mas de ações e reações, de expectativas e frustrações.
Uma pessoa é única ao estender a mão, e ao recolhê-la inesperadamente, se torna mais uma. O egoísmo unifica os insignificantes.
Não é a altura, nem o peso, nem os músculos que tornam uma pessoa grande…
…é a sua sensibilidade, sem tamanho…”

William Shakespeare

“Porque sou do tamanho daquilo que vejo, e não da minha altura”
Fernando Pessoa

Para Refletir….

O dono de um pequeno comércio, amigo do grande poeta Olavo Bilac, abordou-o na rua:

– Senhor Bilac, estou precisando vender o meu sitio, o qual o Senhor conhece muito bem. Poderá redigir um anúncio para o jornal?

Olavo Bilac apanhou o papel e escreveu:

“Vende-se encantadora propriedade, onde cantam os pássaros ao amanhecer no extenso arvoredo, cortada por cristalinas marejantes águas de um ribeiro. A casa banhada pelo sol nascente oferece a sombra tranqüila das tardes, na varanda.”

Meses depois, topa o poeta com o homem e pergunta-lhe se havia vendido o sitio.
– Nem pense nisso, disse o homem. Quando li o anúncio é que percebi a maravilha que tinha!

Às vezes não descobrimos as coisas boas que temos e longe vamos atrás da miragem de falsos tesouros.
Valorize o que tens, as pessoas, os amigos, os momentos…

Coração…

“Quem me dera encontrar o verso puro,
O verso altivo e forte, estranho e duro,
Que dissesse a chorar isto que sinto!”

Florbela Espanca

Amizade…

Procura-se um amigo

Não precisa ser homem, basta ser humano, basta ter sentimentos, basta ter coração. Precisa saber falar e calar, sobretudo saber ouvir. Tem que gostar de poesia, de madrugada, de pássaro, de sol, da lua, do canto, dos ventos e das canções da brisa. Deve ter amor, um grande amor por alguém, ou então sentir falta de não ter esse amor.. Deve amar o próximo e respeitar a dor que os passantes levam consigo. Deve guardar segredo sem se sacrificar.

Não é preciso que seja de primeira mão, nem é imprescindível que seja de segunda mão. Pode já ter sido enganado, pois todos os amigos são enganados. Não é preciso que seja puro, nem que seja todo impuro, mas não deve ser vulgar. Deve ter um ideal e medo de perdê-lo e, no caso de assim não ser, deve sentir o grande vácuo que isso deixa. Tem que ter ressonâncias humanas, seu principal objetivo deve ser o de amigo. Deve sentir pena das pessoa tristes e compreender o imenso vazio dos solitários. Deve gostar de crianças e lastimar as que não puderam nascer.

Procura-se um amigo para gostar dos mesmos gostos, que se comova, quando chamado de amigo. Que saiba conversar de coisas simples, de orvalhos, de grandes chuvas e das recordações de infância. Precisa-se de um amigo para não se enlouquecer, para contar o que se viu de belo e triste durante o dia, dos anseios e das realizações, dos sonhos e da realidade. Deve gostar de ruas desertas, de poças de água e de caminhos molhados, de beira de estrada, de mato depois da chuva, de se deitar no capim.

Precisa-se de um amigo que diga que vale a pena viver, não porque a vida é bela, mas porque já se tem um amigo. Precisa-se de um amigo para se parar de chorar. Para não se viver debruçado no passado em busca de memórias perdidas. Que nos bata nos ombros sorrindo ou chorando, mas que nos chame de amigo, para ter-se a consciência de que ainda se vive.

Vinícius de Moraes

Mergulho…

“Sim, meu Deus, eu já desci tanto

Que agora me sinto em cima.

Sim, tanto, eu já desci tanto

Que agora me sinto em cima.

Oh, porque é que nenhum de vós senhores

Vem até aqui e me liberta?”

Jim Morrison (1943-1971), poeta e músico norte-americano, em Já Desci Tanto, do livro Uma Oração Americana e outros Escritos

Até o fim…

I just want to see you
When you’re all alone
I just want to catch you if I can
I just want to be there
When the morning light explodes
On your face it radiates
I can’t escape
I love you ‘till the end
I just want to tell you nothing
You don’t want to hear
All I want is for you to say
Why don’t you just take me
Where I’ve never been before
I know you want to hear me
Catch my breath
I love you ‘till the end
I just want to be there
When we’re caught in the rain
I just want to see you laugh not cry
I just want to feel you
When the night puts on its cloak
I’m lost for words don’t tell me
´Cause all I can say
I love you ‘till the end

Love You ‘Till The End – The Pogues

Silêncio…

“Se te pareço ausente, não creias:
Hora a hora o meu amor agarra-se aos teus braços,
hora a hora o meu desejo revolve estes escombros
e escorrem dos meus olhos mais promessas.

Não acredites neste breve sono;
não dês valor maior ao meu silêncio;
e se leres recados numa folha branca,
não creias também: é preciso encostar
teus lábios em meus lábios para ouvir.

Nem acredites se pensas que te falo:
Palavras são o meu jeito mais secreto de calar.”

Lya Luft

Intensidade…

***Sonhe como se fosse viver para sempre , viva como se fosse morrer amanhã…***

Das Utopias…

Se as coisas são inatingíveis… ora!
Não é motivo para não querê-las…
Que tristes os caminhos, se não fora
A presença distante das estrelas!

Mário Quintana

Sonhos….

“Tivesse eu os tecidos adornados do céu, ornamentados com luzes d’ouro e prata…
…os tecidos azuis, indistintos e escuros da noite, a luz e os meio-tons, espalhá-los-ia a teus pés. Mas eu, sendo pobre, tenho apenas meus sonhos; espalhei-os, então, a teus pés. Pisa com delicadeza, pois caminha sobre meus sonhos.”

W.B. Yeats
(1865-1939)Dramaturgo e poeta irlandes

Se eu pudesse…

“Se eu te pudesse dizer
O que nunca te direi,
Tu terias que entender
Aquilo que nem eu sei.”

*Fernando pessoa ( Quadras ao Gosto Popular)

A Pessoa Errada…

Pensando bem
Em tudo o que a gente vê, e vivencia
E ouve e pensa

Não existe uma pessoa certa pra gente
Existe uma pessoa
Que se você for parar pra pensar
É, na verdade, a pessoa errada
Porque a pessoa certa
Faz tudo certinho
Chega na hora certa,
Fala as coisas certas,
Faz as coisas certas,
Mas nem sempre a gente tá precisando
das coisas certas.
Aí é a hora de procurar a pessoa errada.
A pessoa errada te faz perder a cabeça
Fazer loucuras
Perder a hora
Morrer de amor
A pessoa errada vai ficar um dia
sem te procurar
Que é pra na hora que vocês se encontrarem
A entrega ser muito mais verdadeira
A pessoa errada, é na verdade,
aquilo que a gente chama de pessoa certa
Essa pessoa vai te fazer chorar
Mas uma hora depois vai estar enxugando
suas lágrimas
Essa pessoa vai tirar seu sono
Mas vai te dar em troca uma noite de amor inesquecível
Essa pessoa talvez te magoe
E depois te enche de mimos pedindo seu perdão
Essa pessoa pode não estar 100% do tempo
ao seu lado
Mas vai estar 100% da vida dela esperando você
Vai estar o tempo todo pensando em você.
A pessoa errada
tem que aparecer pra todo mundo
Porque a vida não é certa
Nada aqui é certo
O que é certo mesmo, é que temos que viver
Cada momento
Cada segundo
Amando, sorrindo, chorando, emocionando, pensando, agindo,
querendo, conseguindo
E só assim
É possível chegar aquele momento do dia
Em que a gente diz:
“Graças à Deus deu tudo certo”
Quando na verdade
Tudo o que ele quer
É que a gente encontre a pessoa errada
Pra que as coisas comecem a realmente funcionar direito pra gente…

Nossa missão: Compreender o universo de cada ser humano, respeitar as diferenças,
brindar as descobertas, buscar a evolução
.

Luis Fernando Veríssimo

Apesar de…

“…uma das coisas que aprendi é que se deve viver apesar de. Apesar de, se deve comer. Apesar de, se deve amar. Apesar de, se deve morrer. Inclusive muitas vezes é o próprio apesar de que nos empurra para a frente. Foi o apesar de que me deu uma angústia que insatisfeita foi a criadora de minha própria vida. Foi apesar de que parei na rua e fiquei olhando para você enquanto você esperava um táxi. E desde logo desejando você, esse seu corpo que nem sequer é bonito, mas é o corpo que eu quero. Mas quero inteira, com a alma também. Por isso, não faz mal que você não venha, esperarei quanto tempo for preciso.”

Clarice Lispector, no livro Uma Aprendizagem ou O Livro dos Prazeres.

“Na vida, os blocos de granito afundam – já as cascas das árvores continuam flutuando.” Pierre-Auguste Renoir

La Yole (o esquife), de 1875, da National Gallery, de Londres.

*Pierre-Auguste Renoir (nasceu em Limoges, 25 de fevereiro de 1841 e morreu em Cagnes-sur-Mer, 3 de dezembro de 1919) foi um dos mais célebres pintores franceses e um dos mais importantes nomes do movimento impressionista.
Seu principal objetivo, como ele próprio afirmava, era conseguir realizar uma obra agradável aos olhos.

Falta…

“Por muito tempo achei que a ausência é falta.

E lastimava, ignorante, a falta.

Hoje não a lastimo.

Não há falta na ausência.

A ausência é um estar em mim.

E sinto-a, branca, tão pegada, aconchegada nos meus braços,

que rio e danço e invento exclamações alegres,

porque a ausência, essa ausência assimilada,

ninguém a rouba mais de mim.”

Poema de Carlos Drummond de Andrade

Chocolate…

“(…) os Homens são como o chocolate (…)

sedutoras tentações, disponíveis em infinitas variações.

Algumas especializavam-se em parecer dulcíssimos à primeira trincadela,

só para depois revelarem o travo amargo da vertente mais escura.

E eu que adorava especialidades.”

*Tina Grube, no livro “Os Homens são como Chocolate”.

    Tina Grube possui em abundância uma rara capacidade de ver as coisas pelo lado da ironia e revela-se capaz de traçar um brilhante retrato da vida de jovens mulheres talentosas, cheias de sonhos e ambições, simultaneamente senhoras de si e vulneráveis, enquanto sob o tom de comédia romântica vai dissecando os aspectos problemáticos das relações amorosas.

Lado a lado

“Ambos compreensivos,

Não me dirás nada: eu não farei objeção…

E nada poderá desdourar tal relação.”

*Tristan Corbière (1845-1875), poeta francês, em Rapsódia do Surdo, do livro Os Amores Amarelos

Só depende de nós…

“Hoje levantei cedo pensando no que tenho a fazer antes que o relógio marque meia noite. É minha função escolher que tipo de dia vou ter hoje.

Posso reclamar porque está chovendo ou agradecer às águas por lavarem a
poluição. Posso ficar triste por não ter dinheiro ou me sentir encorajado para administrar minhas finanças, evitando o
desperdício. Posso reclamar sobre minha saúde ou dar graças por estar vivo.

Posso me queixar dos meus pais por não terem me dado tudo o que eu queria ou posso ser grato por ter nascido. Posso reclamar por ter que ir trabalhar ou agradecer por ter trabalho. Posso sentir tédio com o trabalho doméstico ou agradecer a Deus por ter um teto para morar.

Posso lamentar decepções com amigos ou me entusiasmar com a possibilidade de fazer novas amizades. Se as coisas não saíram como planejei posso ficar feliz por ter hoje para recomeçar.

O dia está na minha frente esperando para ser o que eu quiser. E aqui estou eu, o escultor que pode dar forma.

Tudo depende só de mim.”

(Charles Chaplin)

Favorit Song

“And she was lying in the grass
And she could hear the highway breathing
And she could see a nearby factory
She’s making sure she is not dreaming
See the lights of a neighbor’s house
Now she’s starting to rise
Take a minute to concentrate
And she opens up her eyesThe world was moving and she was right there with it and she was
The world was moving she was floating above it and she was

And she was drifting through the backyard
And she was taking off her dress
And she was moving very slowly
Rising up above the earth
Moving into the universe
Drifting this way and that
Not touching ground at all
Up above the yard

She was glad about it… no doubt about it
She isn’t sure where she’s gone
No time to think about what to tell them
No time to think about what she’s done
And she was

And she was looking at herself
And things were looking like a movie
She had a pleasant elevation
She’s moving out in all directions
Joining the world of missing persons and she was
Missing enough to feel alright and she was

#And She was – Talking Heads

Palavras

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“Amo como ama o amor.
Não conheço nenhuma outra
razão para amar senão amar.
Que queres que te diga, além
de que te amo, se o que quero
dizer-te é que te amo?”

Fernando Pessoa

Realizações

“As grandes coisas são feitas por pessoas que tem grandes idéias
e saem pelo mundo para fazer com que seus sonhos se tornem realidade”
(Ernest Holmes)

Desejo

“Desejo primeiro que você ame15_05_20-primula_web.jpg
E que amando, também seja amado.
E que se não for, seja breve em esquecer.
E que esquecendo, não guarde mágoa.
Desejo, pois, que não seja assim,
Mas se for, saiba ser sem desesperar. Desejo também que tenha amigos,
Que mesmo maus e inconseqüentes,
Sejam corajosos e fiéis,
E que pelo menos num deles
Você possa confiar sem duvidar.
E porque a vida é assim,
Desejo ainda que você tenha inimigos.
Nem muitos, nem poucos,
Mas na medida exata para que, algumas vezes,
Você se interpele a respeito
De suas próprias certezas.
E que entre eles, haja pelo menos um que seja justo,
Para que você não se sinta demasiado seguro. Desejo depois que você seja útil,
Mas não insubstituível.
E que nos maus momentos,
Quando não restar mais nada,
Essa utilidade seja suficiente para manter você de pé. Desejo ainda que você seja tolerante,
Não com os que erram pouco, porque isso é fácil,
Mas com os que erram muito e irremediavelmente,
E que fazendo bom uso dessa tolerância,
Você sirva de exemplo aos outros. Desejo que você, sendo jovem,
Não amadureça depressa demais,
E que sendo maduro, não insista em rejuvenescer
E que sendo velho, não se dedique ao desespero.
Porque cada idade tem o seu prazer e a sua dor e
É preciso deixar que eles escorram por entre nós. Desejo por sinal que você seja triste,
Não o ano todo, mas apenas um dia.
Mas que nesse dia descubra
Que o riso diário é bom,
O riso habitual é insosso e o riso constante é insano. Desejo que você descubra ,
Com o máximo de urgência,
Acima e a respeito de tudo, que existem oprimidos,
Injustiçados e infelizes, e que estão à sua volta. Desejo ainda que você afague um gato,
Alimente um cuco e ouça o joão-de-barro
Erguer triunfante o seu canto matinal
Porque, assim, você se sentirá bem por nada. Desejo também que você plante uma semente,
Por mais minúscula que seja,
E acompanhe o seu crescimento,
Para que você saiba de quantas
Muitas vidas é feita uma árvore. Desejo, outrossim, que você tenha dinheiro,
Porque é preciso ser prático.
E que pelo menos uma vez por ano
Coloque um pouco dele
Na sua frente e diga “Isso é meu”,
Só para que fique bem claro quem é o dono de quem. Desejo também que nenhum de seus afetos morra,
Por ele e por você,
Mas que se morrer, você possa chorar
Sem se lamentar e sofrer sem se culpar. Desejo por fim que você sendo homem,
Tenha uma boa mulher,
E que sendo mulher,
Tenha um bom homem
E que se amem hoje, amanhã e nos dias seguintes,
E quando estiverem exaustos e sorridentes,
Ainda haja amor para recomeçar.
E se tudo isso acontecer,
Não tenho mais nada a te desejar.”

*Victor Hugo

Vivendo e aprendendo

” Embora ninguém possa voltar atrás e 

fazer um novo começo,

 qualquer um pode  começar agora e fazer um novo fim “.

Francisco Cândido Xavier

Adeus…

caes_moto.jpg“Adeus, escritório, adeus.
Para sempre e nunca mais.
Eu vou sair pelo mundo, Vou para Minas Gerais.
Já não quero mais cidade,
Onde tem muita prisão
E nenhuma liberdade.”

*Rubem Braga (1913-1990), escritor e poeta brasileiro, em Adeus, do livro Antologia dos Poetas. 

O mestre do surreal

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”Como posso querer que meus amigos entendam as coisas loucas que
passam pela minha cabeça, se eu mesmo, não entendo?”
Salvador Dali

Salvador Dalí (Figueres, 11 de Maio de 1904 — Figueres, 23 de Janeiro de 1989) foi um importante pintor catalão, conhecido pelo seu trabalho surrealista. O trabalho de Dalí chama a atenção pela incrível combinação de imagens bizarras, como nos sonhos, com excelente qualidade plástica. Dalí foi influenciado pelos Mestres da Renascença, e foi um artista com grande talento e imaginação. Tinha uma reconhecida paixão por atitudes e por fazer coisas extravagantes destinadas a chamar a atenção, o que por vezes aborrecia aqueles que apreciavam a sua arte, ao mesmo tempo que incomodava os seus críticos, uma vez que a sua forma de estar teatral e excêntrica tendia a eclipsar o seu trabalho no que à notoriedade diz respeito.
As excentricidades e declarações provocadoras fizeram de Salvador Dalí uma das mais polêmicas figuras da arte contemporânea, mas não impediram que sua obra fosse reconhecida como uma das mais audaciosas e apuradas da pintura surrealista.

Ausência

“Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.
Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado.
Eu deixarei… tu irás e encostarás a tua face em outra face.
Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.
Eu ficarei só como os veleiros nos portos silenciosos.
Mas eu te possuirei mais que ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.”

Poema de Vinícius de Moraes

Olhar…

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“tu
olhas ora para mim
ora para as nuvens

sinto que
estás tão longe quando olhas para mim
e tão perto quando olhas para as nuvens”

*Gu Cheng (1956-1993), poeta chinês em Longe ou Perto, do livro Um Barco Remenda o Mar.

Saudade…

Trancar o dedo numa porta dói. Bater com o queixo no chão dói. Torcer o tornozelo dói. Um tapa, um soco, um pontapé, doem. Dói bater a cabeça na quina da mesa, dói morder a língua, dói cólica, cárie e pedra no rim. Mas o que mais dói é a saudade. Saudade de um irmão que mora longe. Saudade de uma cachoeira da infância. Saudade do gosto de uma fruta que não se encontra mais. Saudade do pai que morreu, do amigo imaginário que nunca existiu. Saudade de uma cidade.

Saudade da gente mesmo, que o tempo não perdoa. Doem essas saudades todas. Mas a saudade mais dolorida é a saudade de quem se ama. Saudade da pele, do cheiro, dos beijos. Saudade da presença, e até da ausência consentida.

Você podia ficar na sala e ela no quarto, sem se verem, mas sabiam-se lá. Você podia ir para o dentista e ela para a faculdade, mas sabiam-se onde. Você podia ficar o dia sem vê-la, ela o dia sem vê-lo, mas sabiam-se amanhã. Contudo, quando o amor de um acaba, ou torna-se menor, ao outro sobra uma saudade que ninguém sabe como deter.

Saudade é basicamente não saber. Não saber mais se ela continua fungando num ambiente mais frio. Não saber se ele continua sem fazer a barba por causa daquela alergia. Não saber se ela ainda usa aquela saia. Não saber se ele foi na consulta com o dermatologista como prometeu. Não saber se ela tem comido bem por causa daquela mania de estar sempre ocupada, se ele tem assistido as aulas de inglês, se aprendeu a entrar na Internet e encontrar a página do Diário Oficial, se ela aprendeu a estacionar entre dois carros, se ele continua preferindo Malzebier, se ela continua preferindo suco, se ele continua sorrindo com aqueles olhinhos apertados, se ela continua dançando daquele jeitinho enlouquecedor, se ele continua cantando tão bem, se ela continua detestando o McDonald’s, se ele continua amando, se ela continua a chorar até nas comédias.

Saudade é não saber mesmo! Não saber o que fazer com os dias que ficaram mais compridos, não saber como encontrar tarefas que lhe cessem o pensamento, não saber como frear as lágrimas diante de uma música, não saber como vencer a dor de um silêncio que nada preenche. Saudade é não querer saber se ela está com outro, e ao mesmo tempo querer. É não saber se ele está feliz, e ao mesmo tempo perguntar a todos os amigos por isso… É não querer saber se ele está mais magro, se ela está mais bela. Saudade é nunca mais saber de quem se ama, e ainda assim doer. Saudade é isso que senti enquanto estive escrevendo o que você, provavelmente, está sentindo agora depois que acabou de ler…

Martha Medeiros

“Aprendi que não posso exigir o amor de ninguém. Posso, apenas, dar boas razões para que gostem de mim e ter a paciência para que a vida faça o resto…

William Shakespeare

Vida para alugar

I haven’t really ever found a place that I call home
I never stick around quite long enough to make it
I apologize that once again I’m not in love
But it’s not as if I mind
that your heart ain’t exactly breaking
It’s just a thought, only a thought

I’ve always thought that I would love to live by the sea
To travel the world alone
And live more simply
I have no idea what’s happened to that dream
Cos there’s really nothing left here to stop me
It’s just a thought, only a thought

While my heart is a shield
And I won’t let it down
While I am so afraid to fail
So I won’t even try
Well how can I say I’m alive?

But if my life is for rent
And I don’t learn to buy
Well I deserve nothing more than I get
Cos nothing I have is truly mine

Life For Rent – DIDO

Sonetos de amor…

Cem Sonetos de Amor é um livro83553.jpg
de Pablo Neruda publicado
em 1959 com cem sonetos
relacionados ao romantismo,
amor, etc., divididos em
quatro partes: Manhã, Meio-dia,
Tarde e Noite, onde Neruda
expressa todo o conteúdo
da palavra amor. Segue abaixo
um dos mais belos poemas
do livro, sem dúvida:

“Não te amo como se fosse rosa de sal, topázio
Ou flecha de cravos que propagam fogo;
Te amo como se amam certas coisas obscuras,
Secretamente, entre a sombra e a alma.
Te amo como a planta que não floresce e
Leva dentro de si, oculta, a luz daquelas flores.
E graças a teu amor, vive oculto em meu corpo
O delicado aroma que ascende da terra.
Te amo sem saber como, nem quando, nem onde.
Te amo simplesmente, sem complicações, nem orgulho;
Assim te amo porque não sei amar de outra maneira,
Senão assim, deste modo, em que não sou nem és.
Tão perto que tua mão sobre meu peito é minha,
Tão perto que se fecham teus olhos com
Meus sonhos…”

Pablo Neruda

Tempo da travessia

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“Há um tempo em que é preciso
abandonar as roupas usadas,
que já têm a forma do nosso corpo,
e esquecer os nossos caminhos,
que nos levam sempre aos
mesmos lugares.
É o tempo da travessia:
e, se não ousarmos fazê-la,
teremos ficado, para sempre,
à margem de nós mesmos.”
Fernando Pessoa

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Criança, ele pensava: amor, coisa que os adultos sabem.
Via-os aos pares namorando nos portões enluarados se entrebuscando numa aflição feliz de mãos na folhagem das anáguas.Via-os noivos se comprometendo à luz da sala ante a família, ante as mobílias; via-os casados, um ancorado no corpo do outro, e pensava: amor, coisa-para-depois, um depois-adulto-aprendizado.
Se enganava.
Se enganava porque o aprendizado de amor não tem começo nem é privilégio aos adultos reservado.
Sim, o amor é um interminável aprendizado.
Por isto se enganava enquanto olhava com os colegas, de dentro dos arbustos do jardim, os casais que nos portões se amavam. Sim, se pesquisavam numa prospecção de veios e grutas, num desdobramento de noturnos mapas seguindo o astrolábio dos luares, mas nem por isto se encontravam. E quando algum amante desaparecia ou se afastava, não era porque estava saciado. Isto aprenderia depois. É que fora buscar outro amor, a busca recomeçara, pois a fome de amor não sabia nunca, como ali já não se saciara.
De fato, reparando nos vizinhos, podia observar. Mesmo os casados, atrás da aparente tranqüilidade, continuavam inquietos. Alguns eram mais indiscretos. A vizinha casada deu para namorar. Aquele que era um crente fiel, sempre na igreja, um dia jogou tudo para cima e amigou-se com uma jovem. E a mulher que morava em frente da farmácia, tão doméstica e feliz, de repente fugiu com um boêmio, largando marido e filhos.
Então, constatou, de novo se enganara. Os adultos, mesmo os casados, embora pareçam um porto onde as naus já atracaram, os adultos, mesmo os casados, que parecem arbustos cujas raízes já se entrançaram, eles também não sabem, estão no meio da viagem, e só eles sabem quantas tempestades enfrentaram e quantas vezes naufragaram.
Depois de folhear um, dez, centenas de corpos avulsos tentando o amor verbalizar, entrou numa biblioteca. Ali estavam as grandes paixões. Os poetas e novelistas deveriam saber das coisas. Julietas se debruçavam apunhaladas sobre o corpo morto dos Romeus, Tristãos e Isoldas tomavam o filtro do amor e ficavam condenados à traição daqueles que mais amavam e sem poderem realizar o amor.
O amor se procurava. E se encontrando, desesperava, se afastava, desencontrava.
Então, pensou: há o amor, há o desejo e há a paixão.
O desejo é assim: quer imediata e pronta realização. É indistinto. Por alguém que, de repente, se ilumina nas taças de uma festa, por alguém que de repente dobra a perna de uma maneira irresistivelmente feminina.
Já a paixão é outra coisa. O desejo não é nada pessoal. A paixão é um vendaval. Funde um no outro, é egoísta e, em muitos casos, fatal.
O amor soma desejo e paixão, é a arte das artes, é arte final.
Mas reparou: amor às vezes coincide com a paixão, às vezes não.
Amor às vezes coincide com o desejo, às vezes não.
Amor às vezes coincide com o casamento, às vezes não.

E mais complicado ainda: amor às vezes coincide com o amor, às vezes não.
Absurdo.
Como pode o amor não coincidir consigo mesmo?
Adolescente amava de um jeito.
Adulto amava melhormente de outro.
Quando viesse a velhice, como amaria finalmente?
Há um amor dos vinte, um amor dos cinqüenta e outro dos oitenta?
Coisa de demente.
Não era só a estória e as estórias do seu amor.
Na história universal do amor, amou-se sempre diferentemente, embora parecesse ser sempre o mesmo amor de antigamente.
Estava sempre perplexo.
Olhava para os outros, olhava para si mesmo ensimesmado.
Não havia jeito. O amor era o mesmo e sempre diferenciado.
O amor se aprendia sempre, mas do amor não terminava nunca o aprendizado.
Optou por aceitar a sua ignorância.
Em matéria de amor, escolar, era um repetente conformado.
E na escola do amor declarou-se eternamente matriculado.

Texto extraído do livro “21 Histórias de amor”, de Affonso Romano de Sant’Anna

O QUE EU ADORO EM TI

“O que eu adoro em ti solaguia.jpg
Não é a tua beleza
A beleza, é em nós que ela existe.

A beleza é um conceito.
E a beleza é triste.
Não é triste em si,
Mas pelo que há nela
De fragilidade e de incerteza.

O que eu adoro em ti,
Não é a tua inteligência.
Mas é o teu espírito sutil,
Tão ágil, tão luminoso,
-Ave solta no céu matinal da montanha.
Nem a tua ciência
Do coração dos homens e das coisas.

O que eu adoro em ti,
Não é a tua graça musical,
Sucessiva e renovada a cada momento.
Graça aérea como teu próprio momento,
Graça que perturba e que satisfaz.

O que eu adoro em ti,
Não é a mãe que já perdi.
Não é a irmã que já perdi.

E meu pai.

O que eu adoro em tua natureza,
Não é o profundo instinto matinal
Em teu flanco aberto como uma ferida.
Nem a tua pureza. Nem a tua impureza.
O que adoro em ti – lastima-me e consola-me!
O que eu adoro em ti, é A VIDA.“

Madrigal Melancólica – Manoel Bandeira

Um ano em dez livros

Os autores e as Histórias que movimentaram as livrarias em 2007 -segundo a “Revista da Semana”

Harry Potter e as Relíquias da Morte, J. K. Rowling
Lançado em novembro no Brasil,o livro encerrou com grande estilo um dos maiores fenômenos editoriais de todos os tempos. Traduzido para 65 idiomas, os sete volumes da saga venderam mais de 350 milhões de exemplares em todo o mundo.

O Castelo na Floresta, Normam Mailer
Baseado em sólida pesquisa documental, o último romance de Mailer apresenta um retrato do ditador pintado “com tintas psicanalíticas por um demônio filosoficamente inquieto”. Sobriamente engaçado, o livro mostra que o escritor, morto em novembro aos 84 anos, permaneceu cativante até a última provocação, afirma a New Yorker
.

O Filho Eterno, Cristovão Tezza,
“De um racionalismo brutal”, observa Armando Antenore na Bravo!, o romance francamente autobiográfico, “lança mão de reflexões tão cruéis quanto corajosas para relatar o que significa conceber e educar até a idade adulta um portador de alterações genéticas graves.”

Homem Comum, Philip Roth,
Lançado nos EUA no ano passado, o livro é novela da maturidade de um mestre, em que o autor desfia sua habitual elegância e concisão. Misturando sua biografia com a do protagonista, relata as inquietações de um velho judeu ao ser confrontado com a possibilidade da morte.

Os Pichicegos, Rodolfo Fogwill
Um grupo de jovens argentinos, enviado às Malvinas para retomar a posse das ilhas ocupadas pela Inglaterra, deserta em pleno conflito, vivendo escondidos em trincheiras enregeladas.Proibido pela ditadura militar, o livro impressiona por seu lado torturante, quase fantástico do autor, único a reproduzir a verdade do absurdo desenrolado nas Malvinas, afirma o Clarín.

1808, Laurentino Gomes
Um dos livros mais vendidos do ano, 1808 traz a luz da coloquialidade a história da Corte Portuguesa no Brasil. O autor articula a produção de dez anos de pesquisa em síntese histórica que brilha pela limpidez e pela projeção do passado no presente, escreve Mary Del Priore em Veja.

Precisamos Falar Sobre o Kevin, Lionel Shriver
Recusado por cerca de 30 editoras antes de ser lançado e vender mais de 600 mil cópias no Reino Unido, o livro constrói, por meio de cartas entre a mãe ausente e o pai mais ainda, o retrato do jovem que dispara contra colegas e professores de sua escola. “Inúmeros autores tentaram traduzir o contexto que leva ao gesto de desespero. Lionel Shriver é de longe a mais bem sucedida” avalia a Publishers Weekly.

Deus Não É Grande, Christopher Hitchens
No livro, o autor volta sua verve provocadora contra a religião, considerada por ele “violenta,obscurantista, intolerante”. “Seu estilo irônico é sempre um prazer, mesmo para o leitor que discorde dele”, observa a Veja.

O Vulto das Torres, Lawrence Wright,
Um dos melhores livros sobre o terrorismo, define a Publishers Weekly, o livro mapeia a trilha do horror fundamentalista, do nascimento da Al-Qaeda e da liderança de Osama Bin Laden aos acontecimentos de 11 de setembro de 2001.

África, Sebastião Salgado,
O livro reúne 300 fotos de Sebastião Salgado no continente em que peregrina há mais de 30 anos.Acompanhadas de um texto do moçambicano Mia Couto, suas poderosas crônicas em preto-e-branco registram “a força trágica de uma terra que, contra todas as adversidades, insiste em reafirmar sua beleza”, observa o Lê Figaro Littéraire.

Fonte: http://www.revistadasemana.com.br

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Andy McKee (nasceu em Topeka, Kansas, em 1979) é um violonista americano que com seu jeito raro de tocar e seu estilo de compor, com muito talento, ganhou grande destaque em 2007 com uma performance ao vivo de sua canção Dryffiting em vídeo no YouTube. O vídeo também foi destaque na primeira página do MySpace, em Julho de 2007. Muitas outras canções de Mckee tem experimentado um êxito semelhante no YouTube, como “Rylynn” e “Africa”.
M
cKee está atualmente em uma turnê mundial promovendo sua música, incluindo o seu mais recente álbum, Gates of Gnomeria, que foi liberado em 10 de setembro de 2007.
Dotado de um estilo de tocar e compor raramente visto, ele se tornou o violinista mais assistido em toda a história do Youtube. Neste exato momento 10,000,000 pessoas já viram o vídeo. Houve um momento em que ele foi o clipe musical mais popular do Youtube. A forma de tocar de Mckee é bem diferente dos violonistas mais convencionais. Ele se utiliza intensamente de dedilhados com ambas as mãos diretamente sobre o braço do violão, com uma habilidade que lembra mais os pianistas. Além disto, combina o toque nas cordas com percussão na caixa do instrumento.

Não deixe de ver os vídeos!!!!

A menina dos Fósforos

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Estava tanto frio! A neve não parava de cair e a noite aproximava-se. Aquela era a última noite de Dezembro, véspera do dia de Ano Novo. Perdida no meio do frio intenso e da escuridão, uma pobre menininha seguia pela rua fora, com a cabeça descoberta e os pés descalços. É certo que ao sair de casa trazia um par de chinelos, mas não duraram muito tempo, porque eram uns chinelos que já tinham pertencido à mãe, e ficavam-lhe tão grandes, que a menina os perdeu quando teve de atravessar a rua a correr para fugir de um trem. Um dos chinelos desapareceu no meio da neve, e o outro foi apanhado por um garoto que o levou, pensando fazer dele um berço para a irmã mais nova brincar. Por isso, a menininha seguia com os pés descalços e já roxos de frio; levava no avental uma quantidade de fósforos, e estendia um maço deles a toda a gente que passava, apregoando: — Quem compra fósforos bons e baratos? — Mas o dia tinha-lhe corrido mal. Ninguém comprara os fósforos, e, portanto, ela ainda não conseguira ganhar um tostão. Sentia fome e frio, e estava com a cara pálida e as faces encovadas. Pobre menininha! Os flocos de neve caíam-lhe sobre os cabelos compridos e loiros, que se encaracolavam graciosamente em volta do pescoço magrinho; mas ela nem pensava nos seus cabelos encaracolados. Através das janelas, as luzes vivas e o cheiro da carne assada chegavam à rua, porque era véspera de Ano Novo. Nisso, sim, é que ela pensava. Sentou-se no chão e encolheu-se no canto de um portal. Sentia cada vez mais frio, mas não tinha coragem de voltar para casa, porque não vendera um único maço de fósforos, e não podia apresentar nem uma moeda, e o pai era capaz de lhe bater. E afinal, em casa também não havia calor. A família morava numa água-furtada, e o vento metia-se pelos buracos das telhas, apesar de terem tapado com farrapos e palha as fendas maiores. Tinha as mãos quase paralisadas com o frio. Ah, como o calorzinho de um fósforo aceso lhe faria bem! Se ela tirasse um, um só, do maço, e o acendesse na parede para aquecer os dedos! Pegou num fósforo e: Fcht!, a chama espirrou e o fósforo começou a arder! Parecia a chama quente e viva de uma candeia, quando a menina a tapou com a mão. Mas, que luz era aquela? A menina julgou que estava sentada em frente de um fogão de sala cheio de ferros rendilhados, com um guarda-fogo de cobre reluzente. O lume ardia com uma chama tão intensa, e dava um calor tão bom! Mas, o que se passava? A menina estendia já os pés para se aquecer, quando a chama se apagou e o fogão desapareceu. E viu que estava sentada sobre a neve, com a ponta do fósforo queimado na mão. Riscou outro fósforo, que se acendeu e brilhou, e o lugar em que a luz batia na parede tornou-se transparente como tule. E a menininha viu o interior de uma sala de jantar onde a mesa estava coberta por uma toalha branca, resplandecente de louças finas, e mesmo no meio da mesa havia um ganso assado, com recheio de ameixas e purê de batata, que fumegava, espalhando um cheiro apetitoso. Mas, que surpresa e que alegria! De repente, o ganso saltou da travessa e rolou para o chão, com o garfo e a faca espetados nas costas, até junto da menininha. O fósforo apagou-se, e a pobre menina só viu na sua frente a parede negra e fria. E acendeu um terceiro fósforo. Imediatamente se encontrou ajoelhada debaixo de uma enorme árvore de Natal. Era ainda maior e mais rica do que outra que tinha visto no último Natal, através da porta envidraçada, em casa de um rico comerciante. Milhares de velhinhas ardiam nos ramos verdes, e figuras de todas as cores, como as que enfeitam as montras das lojas, pareciam sorrir para ela. A menina levantou ambas as mãos para a árvore, mas o fósforo apagou-se, e todas as velas de Natal começaram a subir, a subir, e ela percebeu então que eram apenas as estrelas a brilhar no céu. Uma estrela maior do que as outras desceu em direção à terra, deixando atrás de si um comprido rasto de luz. «Foi alguém que morreu», pensou para consigo a menina; porque a avó, a única pessoa que tinha sido boa para ela, mas que já não era viva, dizia-lhe muita vez: «Quando vires uma estrela cadente, é uma alma que vai a caminho do céu.» Esfregou ainda mais outro fósforo na parede: fez-se uma grande luz, e no meio apareceu a avó, de pé, com uma expressão muito suave, cheia de felicidade! — Avó! — gritou a menina — leva-me contigo! Quando este fósforo se apagar, eu sei que já não estarás aqui. Vais desaparecer como o fogão de sala, como o ganso assado, e como a árvore de Natal, tão linda. Riscou imediatamente o punhado de fósforos que restava daquele maço, porque queria que a avó continuasse junto dela, e os fósforos espalharam em redor uma luz tão brilhante como se fosse dia. Nunca a avó lhe parecera tão alta nem tão bonita. Tomou a neta nos braços e, soltando os pés da terra, no meio daquele resplendor, voaram ambas tão alto, tão alto, que já não podiam sentir frio, nem fome, nem desgostos, porque tinham chegado ao reino de Deus. Mas ali, naquele canto, junto do portal, quando rompeu a manhã gelada, estava caída uma menininha, com as faces roxas, um sorriso nos lábios… morta de frio, na última noite do ano. O dia de Ano Novo nasceu, indiferente ao pequenino cadáver, que ainda tinha no regaço um punhado de fósforos. — Coitadinha, parece que tentou aquecer-se! — exclamou alguém. Mas nunca ninguém soube quantas coisas lindas a menina viu à luz dos fósforos, nem o brilho com que entrou, na companhia da avó, no Ano Novo.

Hans Christian Andersen(1805/1875)
http://www.graudez.com.br/litinf/autores/andersen/andersen.htm

anjo-no-escuro.jpgEt erunt signa in sole
Et luna et stellis
Et presura gentium
Prae confusione sonitus maris
 

Elbosco – Nirvana

Tempo

Quem teve a idéia de cortar o tempo em fatias,

a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial.

Industrializou a esperança, fazendo-a funcionar no limite da exaustão.

Doze meses dão para qualquer ser humano se cansar e entregar os pontos.

Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez,

com outro número e outra vontade de acreditar,

que daqui para diante vai ser diferente”

Carlos Drummond de Andrade

Biblioteca Nacional

 

A Biblioteca Nacional é a depositária do450px-bibliotecanacional2.jpg
patrimônio bibliográfico e documental do
Brasil e é a maior biblioteca da América Latina.
Entre suas várias responsabilidades incluem-se a
de preservar, atualizar e divulgar uma coleção
com mais de oito milhões de peças, que teve início
com a chegada da Real Biblioteca de Portugal
ao Brasil e cresce constantemente, a partir
de doações, aquisições e com o depósito legal.
A sede da Biblioteca Nacional situa-se no
centro da cidade do Rio de Janeiro,
em frente a Cinelândia, na Avenida Rio Branco.

Se a vida é…

Come outside and see
a brand new day
The troubles in your mind
will blow away
It’s easy to believe
they’re here to stay
but you won’t find them
standing in your way

Although we see the world
through different eyes
we share the same idea
of paradise
So don’t search in the stars
for signs of love
Look around your life
you’ll find enough
Why do you want to sit alone
in gothic gloom
surrounded by the ghosts of love
that haunt your room?
Somewhere there’s a different door
to open wide
You gotta throw those skeletons out of your closet
and come outside

So you will see
a brand new day
The troubles in your mind
will blow away
It’s easy to believe
they’re here to stay
but you won’t find them
standing in your way
Se a vida é I love you
Come outside and feel the morning sun
Se a vida é I love you
Life is much more simple when you’re young
Come on, essa vida é
That’s the way life is
That’s the way life is

*Pet Shop Boys*

Rupert Brooke

The Hill
by Rupert Brooke

Breathless, we flung us on the windy hill,
Laughed in the sun, and kissed the lovely grass.
You said, “Through glory and ecstasy we pass;
Wind, sun, and earth remain, the birds sing still,
When we are old, are old. . . .” “And when we die
All’s over that is ours; and life burns on
Through other lovers, other lips,” said I,
“Heart of my heart, our heaven is now, is won!”

“We are Earth’s best, that learnt her lesson here.
Life is our cry. We have kept the faith!” we said;
“We shall go down with unreluctant tread
Rose-crowned into the darkness!” . . . Proud we were,
And laughed, that had such brave true things to say.
And then you suddenly cried, and turned away.

*Rupert Brooke (3 de agosto de 1887-1915), foi um poeta inglês que morreu tragicamente com apenas 28 anos na batalha de Galipoli
durante a primeira guerra mundial. Considerado um poeta herói de guerra, morreu servindo na marinha inglesa, na ilha grega de Skyros, onde está sepultado, e onde há um monumento à sua memória.

i carry your heart with me

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“carrego seu coração comigo( eu o carrego
em meu coração)nunca estou sem ele( a qualquer lugar que
eu vou você vai, meu amor; e o que quer que seja feito
por mim é feito por você, meu querido)
eu não temo
o destino(você é meu destino, meu doce)eu não quero
o mundo( pois beleza você é o meu mundo, minha verdade)
e você é o que quer que a lua tenha sempre significado
e o que quer que o sol cante sempre será você

eis o grande segredo que ninguém sabe
(aqui está a raiz da raiz, o broto do broto
e o céu do céu de uma arvore chamada vida;que cresce
mais do que a alma pode esperar ou a mente pode esconder)
e esta é a maravilha que mantém as estrelas a distância.

carrego seu coração(eu o carrego no meu coração)”

Poema de E.E.Cummings

ICEBERG

Esta foto foi enviada por um mergulhadoriceberg.jpg
ao Rig Manager for Global Marine
Drilling in St.Johns, Newfoundland, England.
Só foi possível a obtenção desta preciosidade
fotográfica porque o mar estava absolutamente
calmo, não havia partículas em
suspensão na água e o sol incidia diretamente sobre
o Iceberg. Embora visto da superfície
parecesse de tamanho normal, técnicos avaliaram
que deveria ter cerca de 500 metros abaixo
da linha d’água, pesando cerca
de 300 000 000 toneladas.

Desassossego…

«A vida é uma viagem experimental, feita involuntariamente. É uma viagem do espírito através da matéria, e como é o espírito que viaja, é nele que se vive. Há, por isso, almas contemplativas que têm vivido mais intensa, mais extensa, mais tumultuariamente do que outras que têm vivido externas. O resultado é tudo. O que se sentiu foi o que se viveu. Recolhe-se tão cansado de um sonho como de um trabalho visível. Nunca se viveu tanto como quando se pensou muito.»
Fernando Pessoa – O Livro do Desassossego, p.245

Como se ama o calor e a luz querida,
A harmonia, o frescor, os sons, os céus,
Silêncio, e cores, e perfume, e vida,
Os pais e a pátria e a virtude e a Deus:

Assim eu te amo, assim; mais do que podem
Dizer-te os lábios meus, — mais do que vale
Cantar a voz do trovador cansada:
O que é belo, o que é justo, santo e grande
Amo em ti. — Por tudo quanto sofro,
Por quanto já sofri, por quanto ainda
Me resta de sofrer, por tudo eu te amo.
O que espero, cobiço, almejo, ou temo
De ti, só de ti pende: oh! nunca saibas
Com quanto amor eu te amo, e de que fonte
Tão terna, quanto amarga o vou nutrindo!
Esta oculta paixão, que mal suspeitas,
Que não vês, não supões, nem te eu revelo,
Só pode no silêncio achar consolo,
Na dor aumento, intérprete nas lágrimas…

 ** Gonçalves Dias **

Cézanne

“A arte é uma harmonia paralela à natureza
“Existe uma lógica das cores a qual o pintor deveria adaptar-se, que não é a lógica do cérebro”

“Como pintor, torno-me mais lúcido quando confrontado com a Natureza”
“Eu sou a consciência da paisagem que se pensa em mim”

Paul Cézanne

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Mont-Saint Victoire

Paul Cézanne (Aix-en-Provence, 19 de janeiro de 1839— Aix-en-Provence, 22 de outubro de 1906) foi um pintor francês.
Ele cultivava sobretudo a paisagem e a representação de naturezas mortas, mas também pintou figuras humanas em grupo e retratos.

Visite cezanne.com

Aqui vem o sol…

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Here comes the sun, here comes the sun,
And I say it’s all righ

Little darling, it’s been a long cold lonely winter
Little darling, it feels like years since it’s been here
Here comes the sun, here comes the sun
And I say it’s all right
Little darling, the smiles returning to the faces
Little darling, it seems like years since it’s been here
Here comes the sun, here comes the sun
And I say it’s all right
Sun, sun, sun, here it comes…
Sun, sun, sun, here it comes…
Sun, sun, sun, here it comes…
Sun, sun, sun, here it comes…
Sun, sun, sun, here it comes…
Little darling, I feel that ice is slowly melting
Little darling, it seems like years since it’s been clear
Here comes the sun, here comes the sun,
And I say it’s all right

 

*Here Comes the Sun – The Beatles, composta por George Harrison.
Segundo George, foi “composta numa manhã ensolarada” na mansão de Eric Clapton. Como em “If I Needed Someone”, outra composição dele, um solo de guitarra soa durante toda a música. Here Comes the sun é uma das canções mais famosas e regravadas dos Beatles, já ganhando até versão orquestrada.

Embriaguem-se

“É preciso estar sempre embriagado.baudelaire2.jpg
Aí está: eis aúnica questão.
Para não sentirem o fardo horrível

do Tempo que verga e inclina para
a terra, é
preciso que se embriaguem
sem descanço.

Com quê? Com vinho, poesia ou virtude,
a
escolher. Mas embriaguem-se.

E se, porventura, nos degraus de um
palácio,
sobre a relva verde de um
fosso, na solidão
morna do quarto,
a embriaguez diminuir ou
desaparecer
quando você acordar, pergunte ao

vento, à vaga, à estrela, ao pássaro,
ao relógio, a
tudo que flui, a tudo que
geme, a
tudo que gira, a tudo que canta,
a tudo que fala, pergunte que
horas são;
e o vento, a vaga, a estrela, o
pássaro, o relógio responderão: “É hora de

embriagar-se! Para não serem os escravos
martirizados do Tempo, embriaguem-se;
embriaguem-se sem descanso”.
Com vinho, poesia ou virtude, a escolher

Embriaguem-se (tradução Jorge Pontual)
Charles Baudelaire (1821-1867)
poeta e teórico da arte francês, considerado um dos precursores do Simbolismo

Cuide do seu jardim…

“Quando depositamos muita confiança ou expectativas em uma pessoa, o risco de se decepcionar é grande. As pessoas não estão neste mundo para satisfazer as nossas expectativas, assim como não estamos aqui, para satisfazer as delas. Temos que nos bastar… nos bastar sempre e
quando procuramos estar com alguém, temos que nos conscientizar de que estamos juntos porque gostamos, porque queremos e nos sentimos bem, nunca por precisar de alguém.

As pessoas não se precisam, elas se completam… não por serem metades, mas por serem inteiras, dispostas a dividir objetivos comuns, alegrias e vida. Com o tempo, você vai percebendo que para ser feliz com a outra pessoa, você precisa em primeiro lugar, não precisar dela.

Percebe também que aquela pessoa que você ama (ou acha que ama) e que não quer nada com você, definitivamente, não é o homem ou a mulher de sua vida. Você aprende a gostar de você, a cuidar de você, e principalmente, a gostar de quem gosta de você.

“O segredo é não correr atrás das borboletas… É cuidar do jardim para que elas venham até você.”

No final das contas, você vai achar não quem você estava procurando, mas quem estava procurando por você!”

********Mario Quintana********

Mudanças…

“Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, anjo.jpg
muda-se o ser, muda-se a confiança;
todo o mundo é composto de mudança,
tomando sempre novas qualidades.

Continuamente vemos novidades,
diferentes em tudo da esperança;
do mal ficam as mágoas na lembrança,
e do bem (se algum houve), as saudades.

O tempo cobre o chão de verde manto,
que já coberto foi de neve fria,
e, enfim, converte em choro o doce canto.

E, afora este mudar-se cada dia,
outra mudança faz de mor espanto,
que não se muda já como soía.”

Luís Vaz de Camões
(Mudam-se os Tempos, soneto escrito a mais de 400 anos)

Alma….

Minha alma tem
o peso da luz.
Tem o peso
da música,
Tem o peso da
palavra nunca
dita, prestes quem sabe a ser dita. Tem o peso de uma lembrança, tem
o peso de uma saudade
Tem o peso de um olhar.
Pesa como
pesa uma
ausência
E a lágrima
que não se
chorou. Tem
o imaterial
peso de uma
solidão no meio de outros.”

Clarice Lispector